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6 de dez. de 2012

#56 O espetáculo da violência




Ao me deparar hoje, na saída do Colégio, com a possível briga entre duas alunas e os olhos passivos das pessoas que ali pararam e esperavam os primeiros pontapés, resolvi escrever.

Como é possível, as pessoas terem sede de violência, esperando o "espetáculo" ocorrer. Ainda mais, hoje, que qualquer um tem uma câmera para filmar, só em uma passada rápida de olho no público, vi 5 câmeras apontadas para a cena.

Isso é a barbárie. Mas também pudera, as pessoas ficam esperando até altas horas da madrugada para ver uma luta entre duas pessoas, para ver sangue, o estrago que vai fazer no outro indivíduo.

E se fosse com você, gostaria que os outros ficassem olhando e incentivando para a briga?
As consequências são grandes, pode haver uma morte, ou prejudicar fisicamente a vida de uma pessoa.

Mas o que importa é o espetáculo, não?

Você pode pensar que eram alunos, e que ainda não tem consciência... bláblábláblá...
Mas não, muitos adultos estavam passando e também ficaram olhando ou nem ligaram.

É aí que as tragédias ocorrem. Fácil lembrar da aluna que foi esfaqueada na saída do colégio, aqui mesmo em Guarapuava. E como não citar a foto da revista americana, em que um homem está no trilho do trem e ao invés de socorrer, o fotógrafo prefere a imagem.

Pense sobre isso!

22 de nov. de 2012

#55 A matriz curricular do Paraná









Se você está ligado nas últimas discussões à respeito da educação no Paraná, deve ter se deparado com a polêmica da matriz curricular unificada, que o governo do Estado do Paraná está empurrando para as escolas.

A matriz proposta pela SEED encontra-se aqui.

Isso porque, o governo acredita que o problema das notas do IDEB se deve a poucas aulas de matemática e português para os alunos, com isso quer diminuir aulas de Ed. Física, Inglês, Arte, Sociologia e Filosofia.

Sendo que o problema é muito maior e a qualidade de ensino depende de outros fatores do que aumentar ou diminuir algumas disciplinas. Além de deixar no limbo algumas disciplinas que terao apenas UMA AULA para dar conta do seu contéudo.

A discussão não é de que uma disciplina é mais importante que a outra, mas é isso que o governo quer que aconteça entre os professores. Para que cada um brigue por sua disciplina e nos desarticule, como sempre o faz.

A mudança de grade deve ser pensada, planejada e não colocada à força, sem dialogar. 

Cito abaixo a carta dos professores do Col. Visconde de Guarapuava com sua posição e convido à todos os interessados a se mobilizar em seus municípios, para mostrar que somos contrários a essa imposição, pois é a única forma de tentar reverter esse processo.
Aqui em Guarapuava faremos uma reunião amanhã para definir a mobilização no dia 27/11, aproveitando a data que a APP já havia marcado, cobrando além disso outra coisas que estão na pauta.

SENHORA SUPERINTENDENTE DE ENSINO E
SENHOR SECRETÁRIO ESTADUAL DE EDUCAÇÃO


Nós, alunos(as), professores(as), funcionários(as), pais, mães e responsáveis legais por alunos do Colégio Estadual Visconde de Guarapuava, levando em consideração que:
  • A carga horária de trabalho diário de diferentes segmentos da sociedade é de 4 horas, enquanto que a carga horária escolar é de 4 horas e meia;
  • Nenhuma disciplina deve ter menos que duas horas semanais, para que se garanta a qualidade do processo ensino aprendizagem;
  • Propor a alteração da matriz curricular a partir de um diagnóstico mal elaborado não condiz com práticas pedagógicas e decisões administrativas democráticas e transparentes;
  • Muitos alunos já realizam estágios remunerados e a mudança nos horários escolares prejudicaria os mesmos;
  • Diversos alunos dependem do transporte escolar, que é realizado em parceria com os Municípios;
  • A discussão da escola em tempo integral precisa avançar para se garantir qualidade na educação básica, mas não pode desconsiderar a estrutura necessária;
  • A dualidade administrativa existente em nosso colégio e a falta de espaços adequados para atividades impede inclusive o desejado para as atividades já ofertadas (como sala de apoio, estágio do Curso Normal, atividades complementares, entre outros);
  • A matriz curricular que temos hoje é fruto de muitas discussões que levaram em consideração nossa capacidade estrutural, nossa equipe e diversos fatores que compõem nossa realidade;

Se pensarmos efetivamente em melhorar a aprendizagem dos alunos, não só para atingir bons índices estatísticos, mas garantir-lhes um direito constitucional à educação de qualidade, algumas medidas urgentes se fazem necessárias:

1) Manutenção do mínimo de duas aulas semanais para todas as disciplinas do
Currículo Escolar como condição mínima para realização do trabalho pedagógico de qualidade;
2) Redução do número de alunos por turma em sala de aula;
3) Implantação imediata e retroativa da Lei do Piso Salarial Nacional do Magistério e 33% de hora atividade;
4) Desenvolvimento de Programas de formação continuada de qualidade para professores e demais trabalhadores em educação;
5) Revisão do porte das escolas de acordo com suas reais necessidades educacionais;
6) Ampliação da jornada escolar em direção à consolidação de uma Escola em
Tempo Integral e que vise uma formação integral como direito subjetivo e inalienável do cidadão.
7) Realização ampla de concursos públicos para suprir professores licenciados em todas as disciplinas da Educação Básica e demais educadores;
8) Investimento na infraestrutura das escolas, bem como, em novas tecnologias educacionais.

As tecnologias de informação e de comunicação são ferramentas que se bem utilizadas contribuem no processo da democracia participativa, mas não substituem o encontro para o debate franco e aberto para tomar as melhores decisões sobre as coisas importantes para a vida humana.

Por isso somos CONTRÁRIOS à mudança na Matriz Curricular na forma como está sendo conduzida e sugerimos que o processo de discussão continue no formato de assembleias escolares e posterior conferência estadual para o estabelecimento da nova Matriz Curricular.

Comunidade Escolar do Colégio Estadual Visconde de Guarapuava.

31 de out. de 2012

#54 Reflexão sobre o ensino da Filosofia

Simpósio quarta à noite, com Danilo Marcondes, Felipe Cepas e Eduardo Barra


Comumente cita-se a frase de Kant, de que "não é possível ensinar filosofia, mas a filosofar". E olha que ouvi muito essa frase na última semana, participando do evento que citei na postagem anterior, a ANPOF.
Foi de grande proveito, mas também como é de costume, acaba-se o evento e você percebe que tem mais dúvidas do que respostas.
Um avanço foi a atenção que a ANPOF começou a dar para o ensino de Filosofia no Ensino Médio, proporcionando troca de experiências entre professores do ensino médio do Brasil e pesquisadores das Universidades que tem como preocupação o ensino da Filosofia.
Mas o que é possível notar, é que muitos (maioria) professores das Universidades, pouco estão preocupados com isso, o que leva a um descaso do ensino da Filosofia.
Veja, o que é pensado e pesquisado na Universidade, não é exatamente o que é ou deve ser ensinado no ensino médio, simplesmente porque há uma diferença do interesse do público e de possibilidade de entendimento.
Percebo hoje, ao lecionar os conteúdos de Filosofia, que pouca atenção se deu na graduação ao aspecto de como dar essas aulas, salvo alguns professores que estimulavam pensar sobre uma didática, uma metodologia de trabalho. Mas na verdade, se aprendi ou estou aprendendo a lecionar, isso tem se dado na prática. E não é fácil, nem sempre se desperta o interesse do aluno ou consegue criar meios de levar o estímulo a refletir em uma sala de aula. E conversando com outros colegas, de todo o Brasil a angústia é a mesma, e o preparo para ir dar aulas quase inexistente.
A própria comunicação de alguns professores na graduação e até mesmo no evento, deixam claro que não se quer prender a atenção, se quiser ouça, seja como for... assim como você tem um filme que começa chato e você não aguenta chegar até o fim, se tornam as falas desses pesquisadores quando tentam expor algo. Não é possível aguentar. Não estou dizendo que não tem conhecimento, mas não há uma tentativa muitas vezes de prender a atenção e imagina isso em uma sala de aula com adolescentes?
Por isso, o desafio é grande. Gostei quando deram vozes aos professores do ensino médio no simpósio de quarta à noite na UFPR, em que estava o professor Danilo Marcondes, Felipe Cepas, Eduardo Barra e uma professora do ABC, que me foge o nome. Foram provocados a pensar mais sobre a Filosofia no ensino médio e promover mais encontros como a ANPOF - EM.

Se isso vai resultar em algo, não sei. Mas sei que participei de um momento histórico e espero que muitas coisas melhorem!


Apresentação no Colégio Estadual, dia 25/10

20 de out. de 2012

#53 ANPOF - Ensino Médio


Anpof


Irá ocorrer a partir do dia 22 de outubro até o dia 26 em Curitiba (PR), o encontro da Associação Nacional de Pós-graduação em Filosofia (ANPOF) que reuni os mais expressivos pesquisadores em Filosofia de todo o país.

Uma das novidades é a ANPOF - Ensino Médio, que espera-se atender a uma demanda crescente, do poder público, dos professores de filosofia do Ensino Médio e da comunidade universitária, em torno das contribuições do trabalho acadêmico de nível de Pós-graduação em filosofia para o ensino de filosofia no Ensino Médio.

Haverá alguns mini-cursos com temas relacionados ao ensino da Filosofia nas escolas e apresentação de relatos de experiências de professores do Brasil. Entre mais de 100 inscrições para apresentação desses relatos, apenas 21 foram selecionados. Dentre eles, o presente blogueiro foi um dos selecionados irá participar então desse evento.
A apresentação ocorrerá na próxima quinta-feira (25), às 18:30 no Colégio Estadual do Paraná, fechando as apresentações. O tema do relato de experiência é "O que é necessário para ser feliz? Uma reflexão a partir do pensamento epicurista". Algumas dessas ideias já foram postadas aqui no blog.

Além da pesquisa para desenvolver essa experiência, muito se deve ao alunos que contribuíram para a concretização da experiência, da sua elaboração e construção. Essa ideia vem sendo desenvolvida desde 2011, na Escola Vicentina Santa em Laranjeiras do Sul, no qual lecionava para as turmas de 5ª a 8ª série, e foram e estão sendo desenvolvidas com alunos do Colégio Visconde de Guarapuava, em Guarapuava.

Se estiver por Curitiba, compareça para prestigiar esse evento e também acompanhe aqui algumas coisas relacionadas ao evento.

6 de out. de 2012

#52 1º encontro Cine clube

No dia 19 de setembro houve o primeiro encontro do Cineclube do Colégio Visconde de Guarapuava. O projeto foi idealizado por mim, como mencionado na postagem anterior.
O objetivo é propor um espaço em que se possa assistir uma obra cinematográfica por completo, seguido de debate sobre aspectos do filme. A participação é facultativa e toda a comunidade escolar está convidada a participar.

Nesta primeira edição, o filme escolhido foi “Na natureza selvagem”, que é baseada em fatos reais e tem como temas centrais a questão da liberdade, a sociedade de consumo e relações familiares.
Muito disseram que iriam, mas na realidade poucos apareceram. Mas não há nenhuma obrigatoriedade e espera-se a presença de quem estiver afim mesmo.

O próximo encontro estava marcado para o dia 16/10, mas será reagendado devido ao curso de formação para professores e funcionários.
Mas o filme já está decidido, e será "O preço do amanhã".

Abaixo, a foto dos participantes do início ao fim do primeiro encontro.


17 de set. de 2012

#51 Cineclube no Colégio Visconde

 

Na próxima quarta-feira (19), será realizado o primeiro encontro do Cineclube no Colégio Estadual Visconde de Guarapuava.
Cineclubes existem a bastante tempo, em variadas formas, assim como Cineclubes filosóficos. Mas quando algo dá certo e é relevante, é muito bom poder propagar uma ideia e estimular outros a fazerem.

A ideia é simples e consiste em assistir a um filme e depois realizar um debate com os participantes. Os convidados são todos os alunos do ensino médio e magistério, além dos professores e funcionários.

Para ajudar na divulgação do Cineclube, dos filmes a serem assistidos e ter um espaço de discussão próprio, dois alunos (Nicole e Douglas) do 1º A do Colégio, criaram um blog. Lá se encontram o projeto e a sinopse do primeiro filme. Abaixo está o link do blog:

https://criticanaescola.wordpress.com/




23 de ago. de 2012

#50 Somos escravos, porque queremos!

Você está contente com a realidade? Feliz com a sua situação e da sua comunidade?
Se sua resposta é não, o que será que ocorre para que as coisas não sejam harmoniosas para todos?

Podemos culpar nossos governantes, que não fazem nada para melhorar, apenas prometem em suas campanhas mas não efetivam o seu discurso. Mas e você, o que tem feito? Imagino que está sem tempo, porque está estudando para ser "alguém na vida", trabalhando para conseguir comprar os bens "que realizam sua vida" e quando chega em casa só quer saber de relaxar, assistir aquela novelinha, ou ver o time do coração perder.

16 de jul. de 2012

#48 Experiência filosófica em sala de aula - Parte I


No segundo bimestre do ano letivo de 2012, foram desenvolvidas atividades com os alunos do 3º ano do Colégio Estadual Visconde de Guarapuava, na cidade de Guarapuava – PR, relacionadas ao termo Bioética na disciplina de Filosofia.

Bioética é uma disciplina que introduz a consideração moral na medicina e nas ciências biológicas, também considerada uma “ética aplicada, chamada também que visa “dar conta” dos conflitos e controvérsias morais implicados pelas práticas no âmbito das Ciências da Vida e da Saúde do ponto de vista de algum sistema de valores (chamado também de “ética”). (…) instada a resolver os conflitos éticos concretos. Tais conflitos surgem das interações humanas em sociedades a princípio seculares, isto é, que devem encontrar as soluções a seus conflitos de interesses e de valores sem poder recorrer, consensualmente, a princípios de autoridade transcendentes (ou externos à dinâmica do próprio imaginário social), mas tão somente “imanentes” pela negociação entre agentes morais que devem, por princípio, ser considerados cognitiva e eticamente competentes.” 1

Alguns temas relacionados a esse conceito multidisciplinar e que foram tratados nas aulas, através de pesquisas e apresentações dos alunos são: Engenharia Genética, Meio Ambiente e Desenvolvimento Tecnológico.

Parte dessa proposta foi encontrada na Revista Carta na Escola, que reúne algumas matérias da Revista Carta Capital e que podem ser trabalhadas em sala de aula. A matéria em questão se chama “Limites do saber”, propondo então que além da matéria, fossem pesquisados os itens acima relacionados. Além disso, trouxe exemplos de filmes e livros que tratam do assunto, como o livro “1984” - de Geogre Orwell e o filme “Eu robô” - dirigido por Alex Proyas, mas que também é um livro. Pode ser citado ainda o livro “Admiravel mundo novo” - de Aldous Huxley, os filmes “Inteligência Artificial” de Spilberg, o filme/documentário já citado aqui "Era da estupidez", entre outros. 

Porém, o filme trabalhado como os alunos é a obra “GATTACA – Experiência genética” dirigido por Andrew Niccol, em 1997. Trata da eugenia, num futuro próximo onde é possível escolher como as crianças serão, suas características, suas habilidades, evitar doenças, etc. Dessa forma, os concebidos de forma natural são discriminados, havendo uma nova divisão de classes, mas agora pelos genes. Mas um ser humano “natural”, tenta realizar coisas que são permitidas apenas para os seres “perfeitos”. Uma bela história de ficção científica, que os alunos assistiram e fizeram uma análise através dos conhecimentos adquiridos e do que foi estudado.

Para finalizar a temática, foi proposto que os alunos fizessem contos de ficção científica, relacionados a bioética. E alguns permitiram que fossem publicados no blog. Portanto, abaixo segue os contos dos alunos da forma que enviaram e que permitiram sua publicação, citados os nomes dos autores. 

Como são vários contos, dividi em duas postagens a publicação deles. 
A ordem dos contos foi aleatória:


24 de jun. de 2012

# 46 O que enxergar?

 


Assisti hoje o filme "Jeff Who Lives at Home", com a única pretensão de entretenimento por uma hora e pouco. Porém, o filme me surpreendeu e trouxe-me até essa postagem.

O filme é simples, mas trata de alguns assuntos cotidianos e problemáticos que alguns tem de lidar.

Jeff, o personagem principal é um cara de 30 anos, que mora com a mãe e procura enxergar sinais nos acontecimentos cotidianos. Recebe uma ligação em que procuravam por um tal de Kevin e acredita ser aquilo um sinal. Seu irmão, bem sucedido profissionalmente, está um momento difícil no casamento. Sua mãe, viúva passa aparentemente por uma reflexão do que se tornou sua vida e começa a ser galanteada no local de trabalho.

É uma comédia, aparentemente despretensioso, mas como um quebra-cabeça as partes fazem sentido no final.

Mas o que me levou a escrever sobre o filme é a questão do que devemos fazer nas mais variadas situações. Agir como? Cada ação levará a um determinado fim, como saber se estamos agindo corretamente? O que é o certo a fazer?

Jeff acredita que devemos seguir nosso instinto, é um tanto vago. Mas é a "fórmula" que ele encontra. E acaba dando certo para ele no final (não vou contar tudo senão perde a graça caso você queira assistir).

Talvez quando algumas coisas acontecem, sejam sinais para nós, mas não conseguimos enxergar. Pode ser alguma coisa mística, mágica como os livros do Paulo Coelho. Mas se você enxerga sinais nas coisas, e se orienta por elas, o que posso dizer?

Simplesmente gostei e quis compartilhar com vocês essa reflexão.

18 de jun. de 2012

#45 Rio +20, interesses e futuro






As discussões a respeito da problemática ambiental estão em pauta, principalmente pela reunião do Rio +20.
Porém, parece estar longe um consenso e a efetivação de ações que viabilizem o futuro da raça humana. Isso porque acredito que o mundo continuará existindo, a natureza tem a capacidade de se adequar, tem seus ciclos, mas nós somo frágeis e a única possibilidade de perpetuar nossa espécie e evitar uma extinção é utilizar nossa criatividade e inteligência. 
Porém, os interesses econômicos ainda falam mais alto, porque essa inteligência e criatidade possuímos. Basta você fazer uma pesquisa rápida sobre alternativas de energia, de consumo racional das matérias primas, formas de reaproveitamento, baixo impacto ambiental que você encontrará milhares de soluções, mas que são normalmente de alto custo, pois a demanda ainda é pouca. 
Além do mais, tais reuniões como Rio +20 e tantas outras que sempre acontecem pelo mundo, acabam não desenvolvendo-se porque os principais poluidores e geradores de impactos ambientais grandiosos, ficam em cima do muro, evitando assumir responsabilidades. Fica sempre nas costas da população, que deve ter medidas simples e evitar desperdícios, consumo consciente e bla bla bla. Claro que isso é importante, mas é necessário que os maiores responsáveis realmente sejam responsabilizados e invistam em medidas que desonerem o impacto ambiental.
Não acredito nessa possibilidade de sustentabilidade, porque toda atuação humana acaba modificando a natureza, e ela irá responder ou se protejer de alguma maneira, mas é necessário diminuir o máximo possível nossa interferência no ambiente que vivemos. Somos parte da natureza, ela é mais poderosa que nós. Basta ela dar uma chacoalhada que nossas usinas explodam e nos matem. 
A responsabilidade é de todos, a discussão deve ser feita, mas é urgente a tomada de medidas que evitem o pior. Já estamos atrasados e ainda ficamos com discussões que tentam não impedir o crescimento econômico, pensando em como destruir pouco a natureza e conquistar mais dinheiro. 
Isso é um contrasenso, pois ainda se pensa que o dinheiro é mais importante que a vida. Claro que para quem não estará vivo nos próximos anos, não há preocupação. Quanto a isso não sei o que pode ser feito, mas é necessário tentar fazer algo e evitar realmente, com objetivos e regras, de forma a modificar a possibilidade muito maior de extinção humana, do que de sobrevivência humana.

Um bom filme/documentário sobre o assunto é "Era da estupidez". Segue o  link do trailer abaixo e no youtube pode ser assistido por completo:



7 de jun. de 2012

#44 A tese dos 144 caracteres



O tema dessa postagem não foi verificado empiricamente, é baseada apenas em algumas observações do cotidiano, podendo ficar presa ao senso comum. Mas acredito que vale a pena pensar sobre isso.


No mundo da informação, da conexão e do dinamismo, as pessoas acabam fazendo tudo muito rápido e esperando que tudo venha "mastigado", pronto. Tenho observado em sala de aula (nível médio e universitário) que os alunos (sem generalizar) não conseguem prestar atenção durante poucos minutos, seja numa leitura ou numa explicação. Tenho brincado que é preciso sair da ideia de que 144 caracteres é suficiente (fazendo analogia ao twitter), que conhecimento se dá em mais do que poucos palavras e que é preciso ter atenção, e que é difícil falar sobre um assunto em poucos segundos ou caracteres.

23 de mai. de 2012

#43 Assistencialismo é fundamental? Só se for para manter as coisas como estão


http://images03.olx.com/ui/20/61/75/1333980575_348825675_1-Fotos-de--sopao-para-desabrigados-do-Grajau.jpg
Assistencialismo - Pessoas distribuindo sopa na rua


A intenção desse texto é diferenciar o que é assistencialismo e Assistência Social, para que não sejam cometidos equívocos, como foi o caso da entrevista concedida pelo pré-candidato Elemar Cezimbra na edição do dia 22/05/2012 do Jornal Correio do Povo do Paraná.
A Assistência Social é uma política pública de garantia e defesa de direitos, regulamentada pela Constituição Federal /1988, Lei Orgânica da Assistência Social/1993, Política Nacional de Assistência Social/2004 e pelo SUAS/2011. Que é destinada à população em situação de risco e vulnerabilidade social, com o objetivo de superar exclusões sociais e defender e vigiar os direitos socioassistenciais de cidadania e de dignidade humana.
Já o assistencialismo é o acesso a um bem através de doação, não havendo garantia de cidadania porque o acesso a condições plenas dignas de vida dos cidadãos é conseguido através de favor, à espera da boa vontade e interesse de alguém.
Como pode ser percebido, a Assistência Social trabalha com direitos garantidos em lei, conquistas dos trabalhadores que se mobilizaram e reivindicaram melhorias e atendimentos, que são realizados através das políticas sociais. Não é um favor, mas sim direito. Já o assistencialismo é favor, depende da generosidade de alguns indivíduos. Se for possível que exista alguma importância do assistencialismo na nossa sociedade, ela só pode ser vista como a intenção de realizar a manutenção de um sistema que oprime, exclui e tenta controlar o povo através da sua “bondade” ou “generosidade”.
O assistencialismo não visa a emancipação do indivíduo, mas apenas amenizar esporadicamente uma família ou grupo em situação de risco. Isso não é bom, porque não possibilita mudança real na situação que se encontram essas pessoas. Já a Assistência Social, através da sua Política de Assistência Social, articulada com as demais Políticas Sociais, visa a emancipação do indivíduo, para que ele possa sair da situação de vulnerabilidade e não regressar a ela.
Portanto, é necessário ter conhecimento dessa diferenciação para que o desenvolvimento de projetos e programas sociais trilhem o caminho correto, garantindo direitos e que não sejam tratados como favor. Por que se ocorrer apenas assistencialismo, sempre haverá a necessidade de mais assistencialismo, amenizando e não possibilitando mudança. Se a preocupação é a erradicação das situações de vulnerabilidade, é preciso articulação entre as políticas e compromisso do Estado e da sociedade civil para que essa situação seja superada. Porém, talvez não seja essa a intenção desse modelo capitalista e neoliberal que a modernidade (ou pós-modernidade) quer, pois é necessário indivíduos em situação vulnerável compondo um exército de reserva para a sua manutenção.

10 de mai. de 2012

#42 “Sua disciplina professor é um saco!!”



                                                   
                                                  
Ouvir isso numa reunião de entrega de boletins realmente desanima qualquer um. E não foi de aluno nenhum, mas de uma mãe.

No momento fiquei sem reação, e só pude dar um sorriso amarelo, como quem não gostou. Depois que terminou, fiquei me perguntando o que ela realmente quis dizer com isso. Lembro que após essa frase ela mencionou aulas diferenciadas, que não basta ficar sentado prestando atenção no que o professor tenta transmitir. Citei então, que utilizo de músicas, vídeos, debates para estimular a reflexão. Mesmo assim ainda estou incomodado com a frase dessa mãe. Penso que da próxima vez vou perguntar o que ela quis dizer com aquilo.

Não tive essa disciplina em todos os anos do meu Ensino Médio, porém, quando tive sempre adorei e por esse motivo é que decidi cursar Filosofia. É óbvio que nem todos gostam dela ou precisam gostar. Não sei ainda porque estou pensando nisso, pois a Filosofia é chata mesmo, é realmente um saco. 

Ou vai dizer que é todo mundo que gosta de pensar sobre as coisas, investigar, procurar olhar o todo, ter uma atitude crítica? O filósofo Sócrates foi condenado na Grécia antiga por estimular os jovens a pensar. O governador do Estado do Paraná mencionou semanas atrás que o efetivo da polícia não precisa ter curso superior, pois senão podem não querer cumprir as ordens. 

E realmente, quem quer que as pessoas pensem? É mais fácil mandar e controlar dessa maneira.
Todas as disciplinas escolares são importantes, elas não podem ser pensadas de forma fragmentada, mas conectadas. Os problemas humanos não são resolvidos pela língua estrangeira, artes, matemática ou filosofia. Mas sim pela articulação entre os saberes que me aproprio e então tenho a possibilidade de resolução.

Ninguém gosta de tudo ou é obrigado a gostar, mas verificar a importância das coisas e respeitar é essencial, pois isso também é educar e possibilita sairmos do senso comum.