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22 de out. de 2015

"Guerra de bexigas" ou Perguntar ofende



A pretensão desse texto não é a de julgar os eventos ocorridos nos últimos dias, mas de proporcionar uma análise sobre nossas ações.
Desde que passei a trabalhar neste colégio, a 4 anos atrás, me deparei com a “tradição da guerra de bexigas com água”. Não vejo problema algum nessa “tradição” e até entendo que é um momento de subversão dos alunos, de emoção por agir contra as regras, e de graça até mesmo por acertar quem não gostaria de ser molhado.
Mas se é uma tradição, como começou?
Se é de caráter de subversão, essa é a única maneira? Todos já não esperam algo do gênero?
Age-se contra as regras, mas de certa maneira ao se esperar, professores, direção e funcionários não fazem apenas vista grossa?
Atingir o outro, que não quer participar, é justo? Creio que se fizessem algo parecido com você, ficaria com raiva, reclamaria para a direção, os pais, na rede social (principalmente) e muito mais.
O que significa manter essa “tradição”?
Como afirmei, nada contra, para quem participa deve ser divertido e muitos esperam 12 anos dentro do mesmo colégio para poder chegar no terceiro ano e promover esse “evento”.
Mas como encontram disposição para prepara algo como “a guerra das bexigas”, mas não lutam por questões que sempre levantam de forma sigilosa, só para alguns professores, como o acesso livre dos alunos ao wifi, a utilização dos aparelhos celulares e smartphones na hora do intervalo, jogos entre salas?
Será que é uma questão de prioridades?
Ou continuamos a fazer isso, porque os outros fizeram, só sabemos fazer assim e acreditamos que não há outra forma de se fazer atos de subversão que venham a ser benéficos?
Como sugerido no título, perguntar pode ofender alguns. Mas não foi esta a intenção.

7 de mai. de 2015

Viver

Este ano, no Paraná, a educação principalmente está vivendo de greve.
Não só a educação como aparece, mas todos os servidores públicos.

Nunca havia vivenciado tal processo na minha vida. É desgastante, é mais cansativo que  estar em sala de aula, a incerteza preocupa, irrita, não permite planejamento.

Mas apesar disso tudo, é satisfatório ver o empenho e a união de muitos colegas, porém, muito ainda temos que aprender.
Muitos colegas ainda não pensam no coletivo, preferem verificar seu próprio umbigo sujo.

É importante em uma greve, em uma manifestação a coletividade estar unida, não fragmentar.

Ouvi de um colega de profissão que ele vai pensar nele ao invés do coletivo, é desconsiderar que o bônus, caso venha, será de todos. Então, penso eu, é melhor conquistarmos juntos ou no "lascarmos" juntos...

Demonstrar medo, desunião só favorece o lado oposto, que conta com balas de borracha, helicópteros e muito mais.

Há motivação política? Com certeza, pois é uma luta de uma categoria de trabalhadores contra o Estado opressor, que favorece o que é privado e definha no público.

Lembro que não pertenço a partido político nenhum, sou sindicalizado à App sindicato, mas que penso por mim e avalio a situação. Mas entendo que a luta se faz coletivamente e não individualmente, não basta ficar postando desconforto ou repúdio a determinadas ações dos eleitos. É preciso mais.

Também não somo heróis ou santos, fomos para o combate do dia 29 sabendo que seria pior do que a segunda "invasão" a Alep. Era o último recurso.

Não vencemos. Agora precisamos recorrer a outras medidas, judiciais talvez, mas quem garante?

Enfim, um blog pode ser um diário também, e melhor que as redes sociais para desabafar...

9 de mar. de 2015

Aprendemos e ensinamos na escola a pedir



Quem nunca vendeu ou comprou uma rifa para ajudar uma escola, que precisa pintar a quadra, arrumar os banheiros, arrumar o telhado, fazer um puxadinho, comprar material de expediente, arrumar os tacos da sala, comprar um datashow, pintar o quadro, comprar um computador... e por aí vai.

Ou comprou pastel, pizza, foi no bazar?


Como afirma o título, aprendemos e ensinamos na escola a pedir, através de uma ação solidária. Mas você já parou para pensar, que, em se tratando de escola pública, você já pagou por tal melhoria, através dos seus impostos?

Pois é, isso não é novidade para ninguém, mas com o passar dos anos, primeiro como aluno e agora como professor, percebo que este hábito continua.

Deveríamos, em parceria com os alunos, os pais e toda a sociedade, cobrar do poder municipal, estadual ou federal, que realize as melhorias ou que envie um valor adequado para que as escolas possam realmente funcionar.

Acredito que esta é uma maneira de fazer a sociedade compreender que é contraditório o que os governantes afirmam sobre os investimentos em educação, perante a realidade.

Pois, como já é de costume da nossa cultura, devido a burocracia para se conseguir as melhorias nas escolas, acaba-se por dar um jeito, que é incentivando nossos alunos e pais a dar uma ajuda através da rifa, da compra da pizza, fazer uma festa junina para arrecadar dinheiro para as melhorias, em que os alunos doam os ingredientes e depois compram por preços absurdos o que eles mesmo doaram.

Deveríamos chamar a sociedade e publicizar o problema, para que ajudem a cobrar de quem deve garantir as condições mínimas.

Assim como, quando faltam funcionários para fazer a merenda, não deslocar alguém para cobrir esse furo. Não tem funcionário, não tem merenda. Não tem funcionário para fazer a limpeza da escola, vai ficar sujo.

Não podemos ficar maquiando o que não está bom, devemos reivindicar e parar de pedir por aí para garantir aquilo que nos é de direito.

É claro que nos trará problemas, mas quem sabe, isso pode fazer com que nossos alunos aprendam a reivindicar seus direitos e cobrar de quem deve, sendo indivíduos conscientes de seus deveres, direitos e que sabem de quem cobrar e que quando necessário, vão para a rua e não ficam em casa esperando as coisas acontecerem.

26 de fev. de 2015

Resistir, será?

Segue minha análise sobre a negociação da pauta dos funcionários da educação do Estado do Paraná e  o governo do Estado, ao final, uma breve conclusão não final.

1. Retirada dos projetos de lei: PLC 06/2015 e PJ 60/2015

OK – Conseguimos a retirada, porém, serão reenviados.
Discussão sobre a previdência é mais ampla, mas não podemos deixar ele colocar a mão.
Continuar em estado de greve, voltando para as salas de aula, e se necessário voltar para as ruas, ou só retornar se ele não enviar mais nada sobre a previdência.

2. Pagamento imediato dos salários em atraso (PSS e 1/3 férias / auxílio alimentação/conveniadas)

Não voltar antes de realizar o pagamento do dia 02/03 ao qual se comprometeu, mas exigir que se faça o pagamento imediato do 1/3 de férias de todos e das promoções e progressões em atraso.

3. Retomada das negociações sobre os temas educacionais e a organização escolar

Se haverá ordem de serviço, se voltaram turmas e projetos, se poderá pegar menos de 26 aulas (caso do pss), é necessário nova distribuição.
Quais as garantias de que haverá realmente o PDE?
Quais as garantias de que haverá licença no 2º semestre?
Se vai nomear o pessoal, quando? Não podemos voltar sem essas nomeações.

Voltar apenas após a readequação do porte, recontratação dos funcionários.

4. Retomada do Porte das Escolas (tendo como referencia mínima dez/2014)

Aguardar isso realmente ocorrer para então voltar.




No geral, acredito que ainda não devemos voltar sem a garantia de que os itens que sofreram avanços sejam realmente efetivados.
Aqueles que ainda não estão a contento, devem ser renegociados.

Penso que ainda devemos continuar em greve, pois durante os outros quatro anos ele prometeu e não cumpriu. Não podemos confiar nele mais uma vez, por isso reafirmo: SÓ DEVEMOS VOLTAR APÓS EFETIVADAS AS PROMESSAS.

Porém, sei que muitos ficam contentes em ouvir promessas, pois a esperança motiva a acreditar.
Estamos cansados e queremos acabar logo com a greve, mas creio que com isso ainda não devemos. É necessário manter a força, a união e trabalhar para que conquistemos efetivamente a nossa pauta.

Não podemos aceitar migalhas, mas o que pode acontecer se não voltarmos?

Perder força, pois muitos devem retornar para as escolas na próxima segunda, independente do que a Assembleia decidir, e com isso não conseguiríamos avançar na pauta. Com isso, voltaríamos com o que se prometeu de qualquer forma.


E se voltarmos?
O risco das promessas não serem efetivadas e mais uma vez sermos enganados.

15 de fev. de 2015

10, 11 e 12 de fevereiro - Curitiba/PR



Não tenho escrito muito no blog quanto no começo. Mas sempre é bom retomar, ainda mais em um momento como esse. Qual o momento? O momento que no Paraná, vários segmentos estão em greve, inclusive a categoria a qual pertenço dentro do funcionalismo público, os professores.

Na invasão da ALEP, na terça-feira dia 10, estive lá.
No dia que conseguimos que fossem retirados os projetos, também estive lá.

E a máxima: o povo, unido, jamais será vencido! Se materializou nesses momentos, deixando de ser apenas uma utopia.

As reivindicações são justas. Porém é necessário tomar muito cuidado com o que se escreve por aí.
Não pertenço a partido nenhum. O sindicato a que pertenço (APP) é apartidário (apesar de muitos usarem como trampolim para outros fins, o que não concordo), assim como outros servidores tem os mais variados partidos (inclusive dos deputados que compõem a assembleia e também do atual governador) demonstrando que independentemente em que votemos, não precisamos dizer "amém" para tudo que ele faz.

A greve não era contra um partido, mas contra um governo que visa retirar direitos e conquistas das categorias do setor público, com a propaganda de que deve cortar gastos, mas que ao mesmo tempo tem dinheiro para fazer várias intervenções publicitárias em vários canais midiáticos, que não foram gratuitos. Sem contar cargos comissionados, aumento salarial de deputados, governo e auxílio moradia para alguns.
Você pode indagar: mas no governo federal não está ocorrendo o mesmo? Respondo: Está! E cedo ou mais tarde a bomba vai estourar em Brasília também...

Até mesmo os partidários do governo federal não estão contentes, porque não precisam dizer "amém" para tudo o que seus eleitos fazem.

Para terminar, gostaria de descrever o que presenciei entre o dia 10 e 12 de fevereiro.

Várias pessoas descontentes e articuladas para fazerem o que fosse necessário para impedir que tais projetos fossem aprovados. Professores universitários e da educação básica, acadêmicos, alunos do ensino médio, pais, servidores da saúde, mulheres de policiais e bombeiros...
Momentos antes da invasão, eu e alguns colegas, conversávamos com as pessoas a frente da mobilização, tentando recrutar pessoas para a invasão. Muitos queriam isso, outros davam risada.
Quando iniciamos a retirar as grades, fui impedido por uma senhora (imagino que era professora) que disse que professor não é vândalo. Só disse a ela: Vandalismo é o que estão fazendo lá dentro!!! Nisso percebi grades ao chão e corri para invadir, estive entre os primeiros e pude presenciar algo grandiosos. Cantos sendo entoados e deputados encolhidos no canto, com medo. A polícia, tão temida por nós, não interferiu. Alguns até pediram que lutássemos por eles. Afirmamos que estávamos fazendo isso por eles também.

O número de pessoas cresceu e o que se viu é o que está por aí.
Voltei cansado e extasiado.

Retornei no dia seguinte, para ficar dois dias se fosse preciso.
Posamos em barracas, recebemos alimentos de doações do pessoal de Guarapuava.


O dia 12 foi todo cansativo, por conta do calor e da estratégia adotada. Porém levamos um "olé" do camburão.
Vários PM´s, BOPE, Choque.
Mais uma vez estava na linha de frente, abaixo da rampa da ALEP. Discussão, alguns querendo invadir, outros não.
Mas enfim, fizemos uma corrente, os policiais também, e fomos para um confronto corpo a corpo, mas que não teve violência e rompemos a barreira da PM.
Mas quem tinha a violência a ser cometida eram os de uniforme escuro. Bombas de efeito moral, gás de pimenta, balas de borracha.
Eu estava irritado e desesperado para impedir aquela votação.
Rompemos com todas as barreiras, talvez porque aliviaram para cima de nós, pois não tínhamos armas, senão flores e vontade.
Após mais uma invasão, demos a ordem: Retira ou não sai!!

Retiraram.

Vencemos esta batalha. Ainda não terminou. Mas foi emocionante, comemoramos e estamos alerta.

Deputados dentro do camburão se tornou piada.

Parabéns a todos nós, que estando lá ou não, contribuímos para essa vitória.

Com a união das pessoas, dizendo não aos desmandos dos governantes é possível afirmar: o melhor está por vir!!!