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20 de dez. de 2013

Sobre nossa existência



Pensar sobre a morte e a nossa própria existência, enquanto ser único e também enquanto ser coletivo, eis aí uma problemática que a maioria procura desviar da discussão e prefere não pensar.
Primeiro, acredito, porque atormenta, é assustador para essa maioria e depois porque muitos acreditam não haver resposta. Bem, mas se a ciência ou a religião fornecerem uma suposta resposta todos podem então "vomitar" essa resposta, sem ao menos tentar entendê-la.
Ao que me parece, a ciência não tem uma resposta para isso... talvez ela nem se preocupe com esse tema. As diversas religiões possuem suas respostas e em geral acabam atribuindo a existência de algo após a "morte" (o que levaria não a morte, mas a passagem para uma vida eterna e então poderíamos nos perguntar porque viver eternamente?) e como sentido da nossa existência, um objetivo já estabelecido por um ente divino, que poderíamos chamar de destino. 
Bem, se há destino não há liberdade, logo não haveria responsabilidade sobre os atos. Pois, se há um destino e não há como fugir dele, poderia argumentar quando cometi um roubo ou assassinato, que a responsabilidade não era minha, pois já havia sido traçado que eu faria aquilo mesmo contra minha vontade, portanto não faz o menor sentido eu ser punido por ter feito algo contra a minha vontade, já que eu nasci para fazer aquilo.
Isso para mim é uma bobagem, pois somos responsáveis pelos nossos atos e podemos escolher dentro de um campo de possibilidades, ou seja, há liberdade mas também vários condicionantes que limitam esse campo de possibilidades.
Mas voltando ao tema da morte e da nossa existência, penso que temos a possibilidade de DAR o sentido para a nossa existência e que não há algo estabelecido naturalmente. Sabemos que ao nascer teremos um certo tempo de vida, ao qual não sabemos quando findará, mas que durante esse tempo temos a liberdade de agir e criar nosso modo de vida, sempre lembrando que há condicionantes para limitar nossas escolhas. Porém, afirmar que há destino a ser cumprido, uma missão que é de vontade exterior a nossa é impedir que nós nos criemos, nos moldemos, nos transformemos em algo que nós propriamente criamos. 
Lembro de ao tratar deste tema com os alunos, uma aluna afirmou em um dos seus textos que somos mais um elemento da natureza, mais um ser natural que consegue diferentemente das outras espécies fazer coisas diferentes, mas que propriamente tem a mesma missão que os outros: nenhuma. Ou seja, somos naturalmente desprovidos de objetivos a serem cumpridos, todos os objetivos que colocarmos são criações nossas, portanto, há a possibilidade de cada um indicar o sentido da sua existência e os objetivos que quer cumprir: ser um grande escrito e deixar algo para as gerações futuras, dormir, ser músico, matar pessoas, acumular capital, etc.
E após isso há duas possibilidades: ou há algo e nós veremos o que é ou não há nada após a morte, e nem teremos consciência de que morremos, pois se não há algo após a morte não chegaremos a perceber que morremos. Podemos saber que estamos morrendo, mas não que morremos.