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9 de ago. de 2012

#49 Parte II dos Contos realizados pelos alunos

Demorou mas está aqui, a segunda parte com os contos feitos pelo alunos alunos. É só clicar abaixo e ler!!!









Filosofia
Mutantes: uma ameaça à sociedade”. Essa era a notícia que estampava a edição do jornal Magazine no dia 21 de Setembro de 2030. Enquanto tomava meu café e lia a noticia, tentava absorver seu conteúdo e prever quais seriam as consequências que isso causaria em minha vida. Desde o inicio do século, quando nasci, tenho ouvido falar sobre engenharia genética, os mutantes por ela criados e as atrocidades dispensadas a eles nos centros especializados do governo. Segundo as informações do jornal todos os mutantes, sem exceção, deveriam ser obliterados.
Até o ano de 2012, os cientistas tinham um vasto conhecimento sobre DNA, previamente adquirido, porém nem sonhavam com tudo o que estava por vir. Sabiam da existência de partes do DNA chamadas intróns que eram formadas por bases nitrogenadas que não codificavam proteínas, portanto, aparentemente inúteis ao nosso organismo. Em 2020 veio a feérica descoberta da função desses pedaços “inúteis” de DNA, eles tinham a capacidade de produzir muito mais do que simples proteínas, eles podiam modificar as característica de toda uma espécie criando seres mutantes com habilidades até então desconhecidas. Começava uma nova era cientifica.
Desde essa época, iniciou-se uma corrida para descobrir novas mutações que fossem capazes de elevar os seres humanos a uma nova espécie com capacidade de realizar coisas que até o momento eram tidas como impossíveis, como respirar embaixo d’água, voar, não adoecer, viver sem água e comida, não dormir, auto reproduzir-se etc.
As experiências não cessavam e cada vez mais mutações eram descobertas, a bioética foi deixada em segundo plano pois os cientistas não admitiam ser barrados diante da possibilidade de criar uma nova espécie. Usaram dos mais diferentes e diversificadas processos para manipular o DNA, codificando-o e recodificando-o criando seres humanos geneticamente modificados com os quais o universo jamais havia se deparado. Mas a vida, que aparentemente estava sob o domínio da ciência, revolveu mostrar que não pode ser dominada.
Por volta de 2025 começaram a ocorrer falhas nessa nova codificação, os seres criados em laboratório já não eram mais tão espetaculares quanto se esperava e os novos “bichinhos de estimação” criados pela ciência começaram e se comportar de maneira inadequada. Os seres criados em laboratório, até então considerados humanos super dotados passaram a compor uma ameaça e já não serviam mais como o “brinquedo” dos pesquisadores.
Os mutantes, como passou a ser chamada essa nova classe de indivíduos, eram humanos dotados de sentimentos, pensamentos e emoções como qualquer outro, porém que agora ficaram segregados em função da condição pela qual foram criados. Aparentemente eram iguais aos demais, mas o que os tornava diferentes era o seu material genético. Esse mutantes formavam uma grande população e por um tempo foram mantidos em cativeiro dentro de centros especializados do governo. Contudo, alimentar e manter esses “bichinhos de estimação” já estava ficando caro e eles deveriam ter um fim logo.
O governo decidiu baixar uma lei que permitia a execução desses mutantes dentro dos centros especializados do governo da forma como melhor aprouvesse. Câmaras de gás, fornalhas gigantescas, submersão em ácido corrosivo, ou simplesmente deixar morrer de fome eram algumas das opções escolhidas pelos diretores dos centros para executar seus prisioneiros. Nós, a população geneticamente boa e saudável, não nos impusemos a essas execuções porque se o fizéssemos estaríamos sujeitos a ter um fim parecido ao dos mutantes. O governos nos convenceu que essa era a melhor decisão a ser tomada e, de modo geral, fomos passivos as decisões governamentais.
Até que um dia em um dos maiores centros houve uma fuga em massa de mutantes que não pôde ser contida. Os seres de DNA modificado agora estavam entre nós. Vivendo como clandestinos eles logo se espalharam pelo país e se misturaram de forma imperceptível com os demais seres humanos. E agora, segundo a noticia do jornal, eles estão sendo caçados para posteriormente serem mortos.
Enquanto dirijo meu carro até o trabalho penso em tudo o que tem acontecido e de repente, se materializa quase do nada uma mulher no meio da rua. Maltrapilha e com uma robusta barriga que indica que ela está grávida. Não tenho tempo de frear e a atropelo, deixando-a caída no chão. O desespero toma conta de mim e desço imediatamente do carro para acudi-la e levá-la á um pronto socorro. Ao me aproximar ela já está recobrando os sentidos, quando menciono a possibilidade de levá-la ao hospital ela estremece e diz que está bem. Noto que há uma nítida perturbação nos olhos daquela mulher, e antes que eu possa falar qualquer coisa ela começa a implorar por ajuda. Levo-a até o meu carro e ela me conta sua história.
Seu nome é Judith e ela é foi criada em um dos laboratórios de genética, seu DNA é modificado, ou seja, ela é uma mutante. Quando a criaram os cientistas queriam criar um ser humano que pudesse voar e que não tivesse propensão a nenhuma doença, modificaram um DNA humano comum e a criaram. Os experimentos em Judith não surtiram os efeitos esperados e ela foi enviada a um dos centros especializados. Ela foi uma das que conseguiu fugir de lá. Viveu os últimos anos segregada do restante da sociedade até conhecer John, por quem se apaixonou. John era considerado saudável, sem nenhuma mutação, e ao saber sobre Judith não se importou com sua situação, prometendo amá-la até que a morte os separasse. E esse dia não tardou em chegar. Em uma tarde enquanto estavam em casa, Judith e John foram abordados pelos funcionários do governo enviados para exterminar os mutantes, ambos iniciaram sua fuga, mas apenas Judith sobreviveu, John foi morto enquanto tentava salvar sua amada.
Judith continuou sua fuga e algumas semanas depois da morte de John descobriu que estava grávida. Jamais se imaginou que isso fosse possível, um feto gerado pela junção de genes normais e de genes mutantes. A vida mais uma vez mostrou sua magnitude perante o homem. Os meses foram se passando e Judith continuava a fugir, até chagar aqui no Texas. E agora, depois de ser atropelada estava me contando sobre seu passado e pedindo socorro a mim. A gravidez estava em seu oitavo mês e não se sabia o que esperar desse feto. Não sei exatamente o que me levou a tomar essa decisão, mas resolvi ajudá-la.
Levei-a para minha casa e a ajudei com tudo o que precisava, sem no entanto, contar a ninguém sobre sua existência. Os dias foram se passando e conforme eu convivia com ela me perguntava o que teriam feito esses mutantes para merecer tal punição. Eles eram capazes de sentir, amar e pensar como qualquer outro ser, mesmo tendo um DNA diferenciado. A que ponto o homem chegou, criar seres humanos “descartáveis” e quando não fossem mais úteis jogá-los fora. Involuntariamente criei com Judith um vínculo de amizade muito forte e prometi continuar a ajudá-la no que fosse preciso.
Certa noite eu já estava deitado quando ouço alguém tocando a campainha. Quando vou atender me deparo com os funcionários do governo anti mutantes com suas armas apostos para matar. Eu e Judith saímos pela porta dos fundos e fugimos para um bosque próximo de minha casa. Os funcionários nos perseguem sagazmente, atirando com frequência. Judith é atingida por uma das balas e cai no chão, paro para auxiliá-la e vejo que ela não consegue caminhar. Consigo arrastá-la e nos escondemos dos funcionários. Os funcionários nos procuram por horas sem sucesso e depois vão embora. Quando tudo parece estar em relativa paz Judith entra em trabalho de parto. Obviamente nunca fiz um parto antes, embora já tenha visto alguns pela TV, mas mesmo assim faço o que posso por Judith e seu filho. É um menino, muito parecido com a mãe e quando vou entregar o bebê nos braços de sua mãe percebo que ela está morta. A tristeza transborda de meu coração e escorre pelos olhos. Naquele instante prometo a mim mesmo que irei cuidar do bebê como se fosse meu filho, despeço-me do corpo sem vida de Judith e saio da floresta com a criança em meus braços. Não sei o que o futuro tem reservado para mim, mas se pude aprender algo com tudo o que passei é que, para a vida não existem limites.




João Gabriel Onofre   
Hourglass
Há tempos que o mundo perdeu o rumo. As pessoas deixaram de ser parecidas para se tornarem completamente iguais. Começou com a maldita genética e seus avanços ultravelozes. Os bebês passaram a ser o principal, e mais fácil, alvo dos cientistas loucos por dinheiro e fama e dos ricaços loucos por status e uma prôgenie perfeita. O príncipio era fácil: você poderia simplesmente escolher como seu bebê nasceria, como ele cresceria e como ele morreria. Quanto mais dinheiro você tivesse, mais bonito e habilidoso seria sua cria. Até hoje, em 2075, as pessoas ainda acreditam que é possivel criar alguém perfeito somente alterando seu código genético. Ninguém leva em consideração a sociedade conturbada em que vivemos, ninguém leva em consideração a educação que teremos nem os nossos adorados amigos.
            Eu nasci errado. Nasci de um processo ainda em teste, há 28 anos atrás. Era um processo que ficou carinhosamente conhecido por Perfeição Univitelina.  Eram criados dois gêmeos iguais (é, hoje em dia o sexo é ultrapassado, algumas pessoas até chamam ele de superestimado, elas se divertem mais programando linhas de código do que se reproduzindo, para isso servem as milhões de incubadoras artificais por aí) e um deles ficava guadado em cativeiro, enquanto o outro corria livre e solto pelo mundo limitado das metrópoles. Se algo desse errado para o gêmeo em  liberdade, o outro entrava em seu lugar. Eu deveria ter entrado no lugar do meu irmão faz 15 anos, quando o pobre ignorante se afogou em uma piscina próximo a algum vulcão artificial. Eu deveria, se minha mãe não tivesse visto meus olhos verdes e minha cicatriz de nascença. Se meu pai não tivesse reparado na minha voz soturna e em meus cabelos encaracolados. Tudo que eles queriam era um novo Brad Pitt, mas acabaram ganhando um belo exemplar de cidadão comum e trabalhador.  Sou o que eles chamam hoje de bastardo, de renegado, de excluído, o marginalizado social. E aprendi a viver bem com isso.
            Com toda a tecnologia atual, com os avanços na robótica e na computação, com os milhões de jogos eletrônicos e suas realidades virtuais gigantescas, o povo perdeu o interesse pela interação social verdadeira. Eles ficam trancafiados em seus recantos paradisíacos, em suas praias artificiais, em suas vidas artificias. Aqui, fora das gigantescas metrópoles virtuais, eu ando pelo mundo físico. Eu fiz amigos físicos. Eu sinto as árvores físicas e suas praias físicas. Eu não tenho mais medo das ameaças nucleares do governo, dos gases tóxicos letais que foram soltos na última guerra, dos animais atrozes criados pela radiação, de toda a mentira inventada pelo governo e seus políticos sedentos por dinheiro e controle mundial. Não tenho mais medo pois vi a verdade. Vi o mundo como quase ninguém em sessenta anos viu. E aprendi a viver com isso.
            Quando minha família me jogou fora eu demorei a me adaptar a triste realidade fora dos jogos virtuais e dos prédios enormes onde a maioria da escassa população mundial vive. Eu agradeço todo dia a deus, ou sei lá a quem todo mundo agradece, por ter conhecido o Hound. Um homem corpulento, de seus cinquenta anos, com pinta de motoqueiro e voz de uma bruacona que já pariu mais de dez crianças, o Hound sabia o que fazer e quando fazer para sobreviver aqui fora. Foi com ele que eu aprendi o dinheiro que os políticos ganham do trabalho da população e toda a energia roubada por eles das rídiculas realidades virtuais nas quais todos vivem felizes. Com todo mundo enraizado em suas casas e uma polícia mais ignorante que a dos tempos antigos, ficava fácil burlar alguns esquemas e ganhar uma grana legal. Era o que o Hound sempre dizia: “Quanto mais gente ganhar dinheiro com isso tudo, mais migalhas sobram para nós”. O malfeitor conseguiu me explicar um pouco sobre tudo que acontece aqui fora, desde as brigas de gangues, os grupos mercenários, os políticos fétidos, os caminhos para uma salvação espiritual e, principalmente, financeira. O Hound salvou minha pele tantas vezes que ele poderia ser meu pai biológico se alguém já tivesse inventado um meio de eu conseguir transformá-lo nisso.
Porém, aquele corpo regado a álcool destilado e drogas sintéticas não conseguiria aguentar tanto tempo. Não se alimentando duas vezes por semana e fritando o cérebro com as pluzaphetaminas e os gluzocospans vendidos nas ruas. Sabe-se lá como ele conseguia aquilo, e sabe-se lá como aquilo era feito, só sei que um dia eu cheguei no nosso muquifo e o gigante estava estirado no chão, com aquela barba fedida cheia de baba e sangue e os olhos para fora do rosto. Tinha tanto remédio espalhado pelo quarto que eu consegui sobreviver com aquilo por alguns meses. Conheci tantos malucos que até comecei a acreditar que fazia parte do círculo de pirados da região. Sorte que escapei logo dessa onde de tráfico, pois aquilo definitvamente não era o meu lugar.
Sobrevivi, pois, com todo o conhecimento que acumulei na arte de invadir computadores e subir em lugares que não devia. Todo grupo de mercenários precisava de um hacker, e nunca era fácil achar um confiável. Eu era confiável. Eu era calado. Era tudo que eles queriam. “Em boca fechada não entra mosca”, fora umas das últimas lições que o Hound me ensinou. O problema dele era que o estúpido não parava de matraquear nenhum segundo. Faça o que eu digo, não faça o que eu faço, provavelmente.
Minha última missão foi a maior, mais arrisacada, e mais interessante missão que alguém da minha laia sonhara em conseguir. Alguns mafiosos dos grandes, daqueles ligados aos políticos e que passavam por qualquer jurisdição que os mesmos tinham criado, contrataram-me para fazer um trabalho audacioso: o satélite de um dos jogos eletrônicos deles tinha pifado e eles não queriam perder alguns de seus bons programadores em uma missão para fora do planeta. Viagens espacias sempre foram arriscadas, mesmo nos tempos de hoje, exigindo muito preparo e dinheiro. Muito dinheiro. Era uma bolada que estava envolvida, mas nem chegava perto do lucro diário que eles conseguiam naquele joguinho chato. Sim, eles conseguiam mais com um joguinho patético do que em uma viagem para o magnífico espaço sideral. E era para lá que eu ia.
Com um contrato de meses de treinamento e a certeza de que, quando eu retornasse, teria dinheiro para gastar nos bares pelo resto da vida, eu não pensei duas vezes ao assinar aquela papelada. Não sou bobo: li, reli, li novamente e decorei todas as linhas do contrato. Decorei todo o código do jogo para arrumar lá em cima, decorei todo o treinamento para subir lá, decorei até os movimentos bruscos e as caretas dos chefões do crime que me contrataram. Minha memória deve ter sido alterada geneticamente, de algum jeito errado e aleatório, mas eu era bom em lembrar. E era por isso que eu teria dinheiro para a vida toda.
Meu sonho, desde criança, quando ainda estava na escola formatória de clones perfeitos, quando ainda estava aprendendo a ser meu irmão, quando ainda só podia ver aqui fora pelas janelas do meu gigante edifício, sempre foi viajar para o espaço. Ver as estrelas de perto, minha mente ingênua pensava. Eu sonhava dias e dias com a possibilidade de embarcar em uma astronave real, para ver de perto o espaço real. Não aquele espaço dos jogos e dos filmes neuroimplantados. Eu queria sentir.
E ali estava eu.  Sozinho, em uma nave espacial do tamanho de um carro esporte da época de meu tataravô, eu contemplava todas as estrelas e todos os planetas ao meu redor. Eu via a lua gigantesca e toda a sua beleza. E via a terra azul, belissíma, com suas nuvens de gás poluído e seu oceano ainda intacto, mesmo depois de tanto lixo despojado nele.
Foi ali que eu cheguei ao local que me foi designado. Era um satélite pequeno, do tamanho de uma bola de bilhar, com dois singelos conectores: um para o cabo do meu computador, um para o cabo de reabestecimento. Do reabestecimento as naves robóticas cuidavam, mas a parte intelectual da coisa só podia ser feita por humanos. Ainda.
            Liguei meu computador, abri minha central de comandos, vi todas as linhas dessa linguagem tão magnífica quanta as escritas hieróglifas de meus antepassados, e comecei a digitar. Fiquei ali por dias. Digitei não somente todo o jogo, mas reestruturei-o a meu bel prazer. Eu sabia, porque o Hound sabia, e porque os mafiosos sabiam, que aquele jogo era a vida de milhões de pessoas que só viviam do trabalho manual, com seus corpos robóticos, e de sua cabeça, ainda humana, penetrada no jogo. Aquela era a vida delas, e eu a estava reescrevendo enquanto eles deveriam estar em uma espécie de coma virtual, ou algo do gênero. Eu criei o mundo mais bonito de todos. Eu me criei no mundo mais bonito de todos. Eu fiz minha família da forma mais perfeita possível naquele jogo. Eu fiz as pessoas da forma mais perfeita naquele código. Não havia guerra, não havia fome, não havia sequer animais gigantes e a bendita radiação. Há tempos eu tinha perdido a comunicação com os mafiosos e eles deveriam saber que alguma coisa estava errada. Há tempos eu perdi a noção do próprio tempo. Só fiquei ali, com minha comida racionada acabando, e digitando aquele mundo. O meu mundo.
            Terminei. Fechei o terminal de código em que digitava. E espalhei o meu vírus para todos os outros satélites. Eu não me contentava com um mundo só para alguns milhões de pessoas. Eu queria que todo o mundo vivesse no meu mundo. Até o computador dos mafiosos e dos políticos corruptos sofreria com o baque. Até mesmo eles viveriam no meu mundo perfeito.
            Deve ter sido um choque enorme para aqueles que estavam em suas realidades virtuais mudar, assim do nada, para outra  realidade. No entanto, o ser humano é famoso por sua capacidade de adaptação. Todos conseguem se adaptar, ainda mais para algo melhor. Foi uma mudança boa.
            Sinto pena só dos excluídos e renegados, da escória, que provavelmente morrerá de fome e não receberá mais nenhum visitante incoveninente, pois sei que ninguém normal  nunca mais sairá da realidade em que criei. Os corpos robóticos dos milhões de trabalhadores conseguirão fornecer alimento e remédio para todos por alguns anos, tempo suficiente para aproveitarem de todo meu planete fictício. A vida física de todos ficaria parada, todos estarão descansando em seus quartos mofados, em seus arranha-céus gigantes, hipnotizados pelo meu jogo. Ligados ao computador pelo meu vírus. Ninguém conseguirá se desconectar, e nem mesmo o melhor programador descobrirá as senhas para mexer no meu código. Pelo menos não em um tempo de vida humano.
            Eu, infelizmente, estou aqui em cima. Sozinho. Meu combustível acabou. Minha comida acabou. Meu oxigênio está acabando. Mas minha satisfação ainda me mantém vivo por pura teimosia. Ainda contemplo o que criei e todos os que salvei. Contemplo aqui de cima, esse mundo azul e, agora, perfeito, do qual não faço parte.
            Feliz, fecho os olhos. Acabou.


ÉVELYN FARIAS
Mutantes: uma ameaça à sociedade”.
Essa era a notícia que estampava a edição do jornal Magazine no dia 21 de Setembro de 2030. Enquanto tomava meu café e lia a noticia, tentava absorver seu conteúdo e prever quais seriam as consequências que isso causaria em minha vida. Desde o inicio do século, quando nasci, tenho ouvido falar sobre engenharia genética, os mutantes por ela criados e as atrocidades dispensadas a eles nos centros especializados do governo. Segundo as informações do jornal todos os mutantes, sem exceção, deveriam ser obliterados.
Até o ano de 2012, os cientistas tinham um vasto conhecimento sobre DNA, previamente adquirido, porém nem sonhavam com tudo o que estava por vir. Sabiam da existência de partes do DNA chamadas intróns que eram formadas por bases nitrogenadas que não codificavam proteínas, portanto, aparentemente inúteis ao nosso organismo. Em 2020 veio a feérica descoberta da função desses pedaços “inúteis” de DNA, eles tinham a capacidade de produzir muito mais do que simples proteínas, eles podiam modificar as característica de toda uma espécie criando seres mutantes com habilidades até então desconhecidas. Começava uma nova era cientifica.
Desde essa época, iniciou-se uma corrida para descobrir novas mutações que fossem capazes de elevar os seres humanos a uma nova espécie com capacidade de realizar coisas que até o momento eram tidas como impossíveis, como respirar embaixo d’água, voar, não adoecer, viver sem água e comida, não dormir, auto reproduzir-se etc.
As experiências não cessavam e cada vez mais mutações eram descobertas, a bioética foi deixada em segundo plano pois os cientistas não admitiam ser barrados diante da possibilidade de criar uma nova espécie. Usaram dos mais diferentes e diversificadas processos para manipular o DNA, codificando-o e recodificando-o criando seres humanos geneticamente modificados com os quais o universo jamais havia se deparado. Mas a vida, que aparentemente estava sob o domínio da ciência, revolveu mostrar que não pode ser dominada.
Por volta de 2025 começaram a ocorrer falhas nessa nova codificação, os seres criados em laboratório já não eram mais tão espetaculares quanto se esperava e os novos “bichinhos de estimação” criados pela ciência começaram e se comportar de maneira inadequada. Os seres criados em laboratório, até então considerados humanos super dotados passaram a compor uma ameaça e já não serviam mais como o “brinquedo” dos pesquisadores.
Os mutantes, como passou a ser chamada essa nova classe de indivíduos, eram humanos dotados de sentimentos, pensamentos e emoções como qualquer outro, porém que agora ficaram segregados em função da condição pela qual foram criados. Aparentemente eram iguais aos demais, mas o que os tornava diferentes era o seu material genético. Esse mutantes formavam uma grande população e por um tempo foram mantidos em cativeiro dentro de centros especializados do governo. Contudo, alimentar e manter esses “bichinhos de estimação” já estava ficando caro e eles deveriam ter um fim logo.
O governo decidiu baixar uma lei que permitia a execução desses mutantes dentro dos centros especializados do governo da forma como melhor aprouvesse. Câmaras de gás, fornalhas gigantescas, submersão em ácido corrosivo, ou simplesmente deixar morrer de fome eram algumas das opções escolhidas pelos diretores dos centros para executar seus prisioneiros. Nós, a população geneticamente boa e saudável, não nos impusemos a essas execuções porque se o fizéssemos estaríamos sujeitos a ter um fim parecido ao dos mutantes. O governos nos convenceu que essa era a melhor decisão a ser tomada e, de modo geral, fomos passivos as decisões governamentais.
Até que um dia em um dos maiores centros houve uma fuga em massa de mutantes que não pôde ser contida. Os seres de DNA modificado agora estavam entre nós. Vivendo como clandestinos eles logo se espalharam pelo país e se misturaram de forma imperceptível com os demais seres humanos. E agora, segundo a noticia do jornal, eles estão sendo caçados para posteriormente serem mortos.
Enquanto dirijo meu carro até o trabalho penso em tudo o que tem acontecido e de repente, se materializa quase do nada uma mulher no meio da rua. Maltrapilha e com uma robusta barriga que indica que ela está grávida. Não tenho tempo de frear e a atropelo, deixando-a caída no chão. O desespero toma conta de mim e desço imediatamente do carro para acudi-la e levá-la á um pronto socorro. Ao me aproximar ela já está recobrando os sentidos, quando menciono a possibilidade de levá-la ao hospital ela estremece e diz que está bem. Noto que há uma nítida perturbação nos olhos daquela mulher, e antes que eu possa falar qualquer coisa ela começa a implorar por ajuda. Levo-a até o meu carro e ela me conta sua história.
Seu nome é Judith e ela é foi criada em um dos laboratórios de genética, seu DNA é modificado, ou seja, ela é uma mutante. Quando a criaram os cientistas queriam criar um ser humano que pudesse voar e que não tivesse propensão a nenhuma doença, modificaram um DNA humano comum e a criaram. Os experimentos em Judith não surtiram os efeitos esperados e ela foi enviada a um dos centros especializados. Ela foi uma das que conseguiu fugir de lá. Viveu os últimos anos segregada do restante da sociedade até conhecer John, por quem se apaixonou. John era considerado saudável, sem nenhuma mutação, e ao saber sobre Judith não se importou com sua situação, prometendo amá-la até que a morte os separasse. E esse dia não tardou em chegar. Em uma tarde enquanto estavam em casa, Judith e John foram abordados pelos funcionários do governo enviados para exterminar os mutantes, ambos iniciaram sua fuga, mas apenas Judith sobreviveu, John foi morto enquanto tentava salvar sua amada.
Judith continuou sua fuga e algumas semanas depois da morte de John descobriu que estava grávida. Jamais se imaginou que isso fosse possível, um feto gerado pela junção de genes normais e de genes mutantes. A vida mais uma vez mostrou sua magnitude perante o homem. Os meses foram se passando e Judith continuava a fugir, até chagar aqui no Texas. E agora, depois de ser atropelada estava me contando sobre seu passado e pedindo socorro a mim. A gravidez estava em seu oitavo mês e não se sabia o que esperar desse feto. Não sei exatamente o que me levou a tomar essa decisão, mas resolvi ajudá-la.
Levei-a para minha casa e a ajudei com tudo o que precisava, sem no entanto, contar a ninguém sobre sua existência. Os dias foram se passando e conforme eu convivia com ela me perguntava o que teriam feito esses mutantes para merecer tal punição. Eles eram capazes de sentir, amar e pensar como qualquer outro ser, mesmo tendo um DNA diferenciado. A que ponto o homem chegou, criar seres humanos “descartáveis” e quando não fossem mais úteis jogá-los fora. Involuntariamente criei com Judith um vínculo de amizade muito forte e prometi continuar a ajudá-la no que fosse preciso.
Certa noite eu já estava deitado quando ouço alguém tocando a campainha. Quando vou atender me deparo com os funcionários do governo anti mutantes com suas armas apostos para matar. Eu e Judith saímos pela porta dos fundos e fugimos para um bosque próximo de minha casa. Os funcionários nos perseguem sagazmente, atirando com frequência. Judith é atingida por uma das balas e cai no chão, paro para auxiliá-la e vejo que ela não consegue caminhar. Consigo arrastá-la e nos escondemos dos funcionários. Os funcionários nos procuram por horas sem sucesso e depois vão embora. Quando tudo parece estar em relativa paz Judith entra em trabalho de parto. Obviamente nunca fiz um parto antes, embora já tenha visto alguns pela TV, mas mesmo assim faço o que posso por Judith e seu filho. É um menino, muito parecido com a mãe e quando vou entregar o bebê nos braços de sua mãe percebo que ela está morta. A tristeza transborda de meu coração e escorre pelos olhos. Naquele instante prometo a mim mesmo que irei cuidar do bebê como se fosse meu filho, despeço-me do corpo sem vida de Judith e saio da floresta com a criança em meus braços. Não sei o que o futuro tem reservado para mim, mas se pude aprender algo com tudo o que passei é que, para a vida não existem limites.


Aluna: Maria Fernada da Silva Bida
Era uma vez um homem,cujo qual se chamava Perseu e o qual vivia na cidade de Wars...começo um tanto quanto sem graça quando estamos falando de um cientista renomado e famosíssimo por ser quem mais pesquisou e o maior conhecedor da área de ciências genéticas.
Perseu estava trabalhando secretamente em seu laboratório em um novo projeto que explorava a clonagem e mudança genética profundamente utilizando de pequenos testes em animais diferentes modificando suas estruturas genéticas para que suas ''falhas'' fossem minimizadas e até mesmo eliminadas. Mas o que ele queria ia muito mais além,ele queria modificar o ser humano,dar a ele resistência para viver em qualquer tipo de clima ou lugar,resistir a enfermidades diversas e sobreviver a uma possível era de escassez de certos recursos naturais.
Tanta descrição devia-se as grandes polêmicas que tais estudos envolvem tanto como o uso de animais inocentes,a depuração da espécie e a eterna questão: Até onde vai o uso e manipulação da vida em nome da ciência ? Perseu avançava cada vez mais em seus estudos mas o alvo de seus desejos era fazer seus testes em um humano e ver como ele poderia criar uma nova raça,uma raça melhor que acabaria por dissipar com o passar do tempo a raça humana original em termos de genética.
Mas quem poderia ajudá-lo ? Arriscando seu renome mundial o cientista contatou o mercado negro em busca de um cadáver recente no qual poderia começar a realizar modificações e aplicá-las em um ser vivo,isso lhe custou alguns milhares de dólares mas era em tudo em nome da sua pesquisa e se a mesma desse certo e se não resultasse em prisão ele poderia ficar rico.
Era quarta-feira cerca de 3 horas de uma madrugada escura e nublada e andando pra lá e pra cá ansioso estava Perseu a espera de seu cadáver ''fresquinho'' que talvez mudaria toda uma história da ciência. Eis que um carro preto ao estilo daqueles de funerária para em seu portão,nervoso,ele se dirige a porta e conduz o entregador com o contêiner prateado ao seu laboratório. O horário deve-se ao tipo de carga que nosso nobre cientista estava recebendo,em troca de tal carga tão peculiar Perseu entrega ao homem,que parece lidar bem com a situação ilegal em que vive,uma mala marrom recheada com alguns milhares de dólares.
Como a modificação de genes exige que o cadáver seja o mais recente quanto possível,nosso cientista se dirige sem mais delongas ao seu laboratório e começa aplicar seus 15 anos de estudo. Sua primeira meta é dar mais resistência a mudanças climáticas e doenças e depois de 10 horas a fio manipulando algo tão precioso,ele consegue finalmente algo para ser testado e descobre que mudando certas estruturas pode-se controlar as mudanças de temperatura corporal em resposta ao ambiente e escolher a cor dos olhos,cabelos,evitar certas doenças ou diminuir seus efeitos e sintomas. O problema estava em encontrar no que testar suas descobertas...
O café já tinha efeito nulo sobre o cientista que com sono extremo decide que é hora de repor o sono e cuidadosamente guarda o cadáver de forma que ele fique conservado e possa ser usado novamente e arruma o laboratório e o fecha com 10 trancas diferentes que apesar do sono foram fechadas uma a uma deixando em segurança o projeto mais ousado que Perseu já fizera.
Dois dias se passaram e já descansado ele sai em busca de uma cobaia para testar os novos genes que poderiam fazer da raça humana uma raça super-humana e dar uma nova perspectiva de vida mundial. Chegando a uma clínica especializada em cobaias para testar cosméticos,remédios,vacinas e em cobaias para pesquisas Perseu se dirige a recepção e solicita uma cobaia e alega estar disposto a pagar muito por ela se tudo ficar em sigilo absoluto.
Um pouco desconfiada uma funcionária do local leva o cientista a uma sala com um televisor e um sofá e pede pra que ele se sente e diz:
- Caro Sr.Osbourne agora o senhor verá slides com fotos e informações de todas as nossas cobaias para que possa escolher uma que se encaixe perfeitamente a seu projeto.
-Ah sim. Ok.
Algumas horas e centenas de slides depois Perseu encontra a cobaia perfeita,cuja qual tem ótimas características como boa imunidade,taxas de colesterol e glicose na medida certa,uma boa faixa etária (25 anos) entre outras coisas. Papéis assinados,despesas pagas e é hora de levar a cobaia pra casa. Dentro do carro o homem de 25 anos,loiro e de olhos escuros parece um tanto inquieto apesar de ter sido de sua livre e espontânea vontade ser usado em estudos como este,então o cientista decidiu não dar importância ao nervosismo do rapaz.
Chegando em casa ambos se dirigem ao laboratório e Perseu começa as aplicações dos genes modificados e começa sua anotações a medida que o rapaz demonstra reagir. Dois dias após a aplicação Perseu leva a cobaia vestida somente de uma camiseta e uma cueca ao laboratório e o nosso cientista devidamente vestido liga o ar condicionado e o coloca na temperatura inicial de –10º e percebe que a cobaia reage bem e não parece se importar com o frio intenso,era um grande passo para o nosso querido cientista que por pouco não abraçou a sua cobaia de tamanha era sua euforia por tal feito alcançado.
Outra modificação a ser testada era a de resistência a doenças que seria testada dali 5 dias para não abusar ou prejudicar o rapaz. Passados os 5 dias,Perseu aplica o vírus da H1N1 no seu ''paciente'' e durante uma semana o observa e vê como ele reage tendo seus genes modificados.E depois de uma semana os resultados são excelentes,uma gripe desse tipo causaria febre,dores de cabeça,coriza,espirros constantes,olhos avermelhados e até mesmo risco de morte,mas com a presença de um gene modificado a nossa cobaia teve leve coriza e alguns espirros.
Perseu tinha descoberto algo fascinante,algo que revolucionaria a ciência e o mundo ,revolucionaria até a própria vida e a forma como vivemos. Pense como a resistência a baixas e altas temperaturas ajudaria a explorar e descobrir novas coisas,novos lugares, como tornaria pesquisas mais fáceis e até mesmo certos esportes não exigiriam tanto aparato pra enfrentar o frio ou calor intenso. E quanto as doenças,quantas pessoas deixariam de morrer por causa delas ? Quantas vidas seriam salvas ? E assim Perseu escreveu sua pesquisa,fez slides,vídeos e demonstrações práticas e apresentou ao Congresso de Ciência que na mesma semana que o projeto lhes foi apresentado,criou um artigo falando sobre o nosso cientista e toda sua pesquisa que apesar de ter rompido certas questões éticas e ter sido extremamente criticado por isso,fazendo Perseu ficar preso por 2 anos pelo uso de um cadáver vindo do mercado negro e pelo uso indevido de animais pra fins científicos o nosso amigo revolucionou a Ciência e o que se entende por genética e como podemos usá-la para melhorar a forma como vivemos.
Depois de sair da cadeia Perseu deu continuidade a sua obra e criou as INJEÇÕES GENÉTICAS as quais continham os genes modificados que poderiam ser aplicados em seres humanos e dar a eles uma nova perspectiva do que é viver. Teve muito sucesso entre atletas,idosos e pessoas cuja imunidade é baixa ou tem pouca resistência a mudanças climáticas. A ética já não era mais problema,pois nosso cientista descobriu uma forma de clonar os genes que modificava dispensando assim o uso de milhares de cadáveres para fazer as suas injeções.
Doutor Perseu Osbourne havia mudado para sempre a história da Ciência e com toda certeza ficaria marcado por todas as gerações seguintes que poderiam continuar suas pesquisas e aperfeiçoar seus métodos,avançando ainda mais o campo científico.



Lucas Cordeiro Siqueira
 
             No ano de 2070, a falta de recursos do planeta já estava eminente para todo o mundo. A huminada estava a beira de um colapso, o pretóleo estava acabando, junto com a água pura e outros recursos naturais, o aquecimento global consumia o planeta ano após ano e a ecônomia global vivia em crise. O governo americano fez muitas pesquisas de alta relevância sobre as possiveis catastrofes, todos os pesquisadores concluiram que seria a melhor opção construir abrigos subterraneos para abrigar uma pequena parte da população. Então construiram abrigos por todo o país, dado o nome de US e códigos de números para cada um deles. Os US pareciam grandes cofres gigantes, a entrada para cada US era uma uma grande porta de ferro com fechaduras imensasa com muitos metros de espessura. No exterior, parecia como uma vila dentro de uma caixa de aço, tinha uma área de lazer, laboratório, restaurante, uma parte dedicada aos estudos, banco, cada pessoa tinha seu pequeno lugar reservado, fosse para dormir ou para outras coisas pessoais. Secretamente o governo havia selecionando pessoas para viver nesses abrigos, pessoas com nenhum histórico de doenças graves e com ótimas condições físicas e mentais. Enquanto isso, a China prevendo que teriam recursos por mais poucos anos, resolveu reunir suas forças e invadir o Alasca, que ainda possuia uma boa parte de recursos naturais, mas foi expulsada brutalmente pelos Estados Unidos, dando assim o ínicio a uma grande guerra que mudaria os rumos da humanidade.
            A guerra continuou a gerar mais conflito entre os dois países. Até que então, a China havia preparado um ataque de bombas atômicas contra os Estados Unidos, que durou cerca de 2 horas, o que ela não previu, foi que a radiação foi tanta que cobriu o planeta inteiro em poucos dias, gerando uma especie de apocalipse. Quase metade da população mundial morreu, devastanto o mundo e quase toda a vida nela. A água e os alimentos haviam sido enfectada com a radição, quase todas as florestas morreram, o mundo havia virado um lugar sem lei.
            Agora, em 2277, mais de duzentos anos após o acontecimento, o cenário do mundo era pós apocaliptico. As cidades eram apenas ruínas, não havia presidente ou governadores para se impor ao povo ou ao menos tentar manter a ordem e justiça em qualquer canto do mundo, não havia mais carros ou aviões. As pessoas que sobreviveram, tentavam levar uma vida dura e sofrida, onde a violência podia ser resposta para tudo. Não foi muita surpresa para as pessoa quando mais da metade dos US não deram certo, a maioria foi por motivos sociais e psicologicos, onde as pessoas não aguentaram viver trancafiadas como se fossem preisioneiros, e outros foram por problemas tecnicos, sejam eles quais foram. O que obrigou as pessoas a sairem e viverem por conta própia.
            Mas em um US, o US 101, localizado em Washington D.C., ainda funcionava com total perfeição, como os USs eram isolados, não se tinha muito contato com o mundo de fora, os moradores não sabiam exatamente como os outros abrigos estavam funcionando. A vida dos moradores no US 101 era bastante normal, eles tinha rotinas e deveres a comprir todos os dias, todos se relacionavam bem um com os outros, é claro que as vezes acontecia um acidente ou outro, mas a autoridade local conseguia controlar tudo em perfieta ordem, mas as coisas do US 101 estavam prestes a serem abaladas radicalmente.
            James Clover era um cientista muito aplicado e perfeccionista, ele trabalhava com a parte de purificação da água, era um dos cientistas chefes do US 101, era tambem pai solteiro, pois sua mulher morreu ao dar a luz a Curt, seu único filho. Ambos haviam sido nascidos e criados dentro do US 101, nenhum deles sabia como era o mundo lá fora. Curt era um rapaz despreocupado, sempre muito estudioso e conseguia aprender coisas rápidamente. Sua vida no US baseava-se em ajudar o seu pai em pesquisas e a estudar para poder virar um cientista igual o pai, mesmo adorando a mecânica e a parte de segurança do abrigo, pois achava super interessante o conceito de robos e armas de fogo letais, o que não era muito popular nos US. Vez ou outra ele se encontra com alguns arquivos confidencias, na gaveta da mesa no escritório do seu pai, ele relamente fiacava tentado a abrir os arquivos e dar uma olhadinha, mas alguma coisa sempre o atrapalha, o que fazia ele esquecer do assunto bem rápido. A vida era praticamente boa, tediosa as vezes, ele adimitia, mas não tinha muito do que reclamar. Sua melhor amiga, Amanda, era filha do Comandante Baker, que podia ser considerado o presidente do US 101, pois ele coordenava e arrumava quase tudo o que acontecia dentro do US. Tinha uma fama de ser um cara curel, pois não ligava muito para os moradores, e mesmo assim ninguem se impunha a ele.
            Em um dia normal como todos os outros, Curt estava deitado em seu quarto, era o começo da manhã ainda, quando foi acordado pelo alarme vermelho do abrigo, ele acho que era apenas mais um treinamento bobo e sem sentido, então não se moveu da cama, quando ele escutou muito barulho, pessoas gritando e passos apreçados, então se deparou com Amanda apavorada em sua porta tenta falar alguma coisa.
            - Curt, levante-se rápido! Disse Amanda em um tom de desespero.
            - Amanda... o que faz aqui? Isso faz parte do treinamento também?
            - Não é trinamento Curt, é o seu pai, parece que ele violou as regras do US e saiu para...fora.
            - O que? Isso é uma pegadinha?
            - Infelizmente não.
            Curt percebeu a tristesa na face de Amanda e percebeu que o ela havia falado era verdade. Ficou pasmo na hora, não conseguia acreditar naquilo. Viver no US significava seguir algumas regras, não eram muitas, entre elas havia: não machucar de qualquer forma um morador do US, reciclar o próprio lixo, não poluir o ambiente e entre outras. Mas a mais importante e rigorosa era concerteza, jamais abrir o portão mestre do US, apenas em casos especificos e como ultimo recursos. Aparentemente seu pai não tinha nenhum, pelo menos que ele se lembrava ou sabia. A pena para isso era a expulsão do US. Mas ele conhecia o Comandante, ele não se importaria de matar alguem só para se livrar de um fardo.
            - Você tem certeza que meu pai saiu para fora? Ele não seria tão louco a ponto disso, ele não tem motivos para isso. Disse Curt confuso.
            - Mas ele fez, e  mais, ele abriu a jaula dos animais, todos estão solto pelo US fazendo uma confusão total! Não há tempo para isso agora. Você temque sair daqui o mais rápido possivel. Meu pai esta atraz de você pois acha que esta envolvido com James e acha que você sabe o motivo porque ele fugiu. Ele esta furioso e só Deus sabe o que pode fazer com você quanto te encontrar. Amanda fitou o nada tentando não imaginar barbaridades.
            - Preciso achar meu pai e descobrir o que aconteceu. Vou ser obrigado a deixar o US Amanda.
            Sem mais serimonia, arrumou uma mochila com o que pode com suprimentos e corria para o portão principal com Amanda. Enquanto corriam pelo US ele podia escutar vozes dizendo “Alguem saiu do US!” “Traidor! Traidor!”. Eles passavam furtivamente pela confusão de autoridades correndo para todos os lados tentando prender os animais em suas jaulas novamente. A sirene vermelha ao tento parecia deixar Curt com mais medo ainda. Só de pensar que estava saindo do US o deixava com um medo enorme, tudo que ele conhecia em sua vida inteira estava dentro das paredes daquela vila de aço. Antes de irem para a o portão, Curt passou em frente do escritório do seu pai, e achou que teria pistas que indicariam o que estava acontecendo ou até mesmo para onde ele teria ido. Revistou todas as gavetas e não achou nada, então foi olhar o computador pessoal de seu pai. Ele tentou acessar os arquivos mas possuiam senhas, ficou surpreso quando colocou se noem como senha e os arquivos começaram a abrir. Eram apenas formulas químicas e mais formulas, não entendia muito, apenas reconheceu uma formula, H2O, a formula da água, e tambem um nome, “Metrocity”, parecia ser uma cidade, mas ele estava ficando sem tempo, e viu tambem uma anotação colada a tela do computador “Falar com Dr. Drake”. Assim que chegou ao portão principal, o portão encontrava-se fechado, era paenas uma sala grande com um portão enorme. Dando um ultimo abraço apertado em Amanda disse:
            - Vou encontra-lo e tentarei voltar assim que puder.
            Amanda não disse nada e apenas o sinal para ele ir de uma vez. Ele se dirigiu para o painel de controles e aperto uma sequência de comanados que fez o portão ranger, abrindo lentamente cada uma das seis feichaduras, então o portão abriu, uma luz forte o deixou cego por alguns estantes, ele sentia um vento diferente bater me seu rosto. Começou a caminhar para fora, assim que saiu pelo portão sentiu uma coisa quente em seu peito, era um medo bom dessa vez, como se ele fosse livre de verdade agora. O portão atraz dele começou a fechar lentamente, ele sabia que não haveria volta dali.
            O que ele via a sua frente parecia ser uma pequena vizinhança destruida, apenas carcaças do que um dia foi uma simples comunidade normal. Ele viu uma placa apontando para norte, com uma palavra escrita ao que parecia ser uma tinta branca. “Metrocity” estava escrito claramente. Seguiu para norte, mas com os olhos sempre atentos, pois já tinha ouvido histórias que bandidos e gangues andavam por todos os lados, procurando vitimas para saquear e assasinar, parecia que era tudo que eles sabiam fazer hoje em dia.
            Quando chegou em Metrocity, a cidade parecia gigante, murros altos de sucata, todas colocadas de forma que pareciam impenetraveis, havia luzes por todo lugar, o portão principal parecia como duas asas de uma espaço nave enferrujada. Chegando lá, perguntou a uma autoridade que passava vigiando a rua onde poderia encontrar o Dr. Drake, o plicial da cidade lhe deu alguma direções para a parte leste da cidade, onde ficava o distrito de tecnologia. Enquanto Curt andava, reparava em como a cidade era barulhenta e tinha um constante cheiro de ferrugem misturada com um fedor de boeiro, várias comerciantes com suas barracas tentando vender armamentos, suprimentos, água purificada e mais bugigangas.
            Quando chegou ao laboratório, entrou em uma pequena sala, se deparou com um balcão e uma recepsionista, perguntou por Drake, e ela o levou até a parte inferior do láborátorio. Chegando lá encontrou o Dr. Drake, era um cara magro e alto, usava óculos e tinha um cara comprida, no momento que ele avistou Curt já veio falando:
            - Você deve ser o filho do Dr. James, vejo a semelhança de longe. Ele falou que viria.
            - É, sou eu mesmo. Vim buscar meu pai, você sabe para onde ele foi e por que foi?
            - Sinto muito filho, mas ele foi para o lago Cary. A muito tempo ele entrou em contato comigo por um sinal de radio muito fraco, não me pergunte como, ele apenas conseguiu. Ele tinha achado uma solução para a água poluida pela radiação, me mandou cópias de formulas, parecia perfeito, mas o processo era muito complicado para que eu mesmo pudesse realizar, afinal, essa não é a minha area mesmo. Então ele elaborou um plano para escapar do US 101 e realizar um teste. Ele iria fazer o teste no lago Cary, fica a poucos quilometros daqui se quiser ir encontra-lo.
            Se despediu do Dr e foi saindo da cidade e tomou direção ao lago Cary. A cor do lago na água era uma especie de verde azulado, dava para quase sentir o cheiro da radiação. Ao lado do lago tinha uma pequena estação, que dava entrada para um laboratorio abandonado. Curt foi entrando, havia umas escadas pequenas que levavam para baixo do lago, um teto de vidro o deixa ver o interior do lago, mais a frente havia um painel gigante e um tubo pelo qual podia passar a água do rio. Havia um bilhete em cima da mesa. Curt começou a le-lo e dizia “Sabia que daria um jeito de chegar até aqui filho, não pude terminar o teste eu mesmo, pois outras coisas precisavam da minha atenção, esta não é a minha única pesquisa importante, preciso de um favor, que você termine o teste para mim, você só precisa encaixar o motor na parte de fora do tubo, não tem erro, e depois ligar o gerador na chave principal. Assim que terminar leve os resultados de volta para o Dr. Drake, presumo que você já tenha o conhecido, assim que terminar preciso que você venha até Centertown, você poderia me ajudar com o próximo esperimento. Espero te ver em breve filho.” Curt terminando de ler a carta, fez exatamente o que o pai pediu. O motor começou a fazer um barulho estranho e a puxar a água, imcivelmente ele conseguia purificar a água, era como mágica diante dos seus olhos. A água era transparente, tanto que Curt não exitou em tomar um pouco.
            Saiu da estação subterranea e voltou ao laboratorio de Drake.
            - Dr, o teste funcionou perfeitamente, trouxe um pouco da água comigo para você mesmo analizar.
            Drake analizou cuidadosamente a água e ficou surpreso.
            - Incrivel, seu pai realmente conseguiu o impossivel. Vou mandar as formulas e um pouco de amostra para uns cientistas meus. Se isso der certo vai revolucionar tudo! Mas me diga rapaz, encontrou seu pai?
            - Ainda não, ele mencionou alguma coisa em Centertown, vou para lá encontra-lo. Falou alguma coisa sobre mais pesquisas importantes.
            - Em Centertown? Ele só pode estar falando em um biocombustivel, pois é lá que ficava o maior laboratorio de combustiveis. Boa sorte, mande lembraças ao seu pai.
            Sem mais delongas, Curt partiu novamente para Centertown, sem saber ao certo o que esperar, mas estava realmente anciosos para rever o pai. Quem sabe isso não seria um novo jeito de retomar a vida e quem sabe até mesmo o mundo. Curt sonhava longe enquanto camaninhava em direção ao por do sol.
 

Luiz Douglas da Silva Martins
Perfectionem
Ano de 2058 a humanidade já não é mais a mesma, o ambiente inóspito com o que restou da vida, não que não vivamos, mas se é que pode chamar o que fazemos de viver. Desde que a humanidade descobriu a manipulação das células genéticas e a tecnologia passou a ser implantada no nascimento, a humanidade tem ido cada vez mais em busca da perfeição, o que é chamado de divinificação. Na hora em que se nasce é implantado um microssistema que viaja através da corrente sanguínea tornando impossível de ser retirado ou transferido de uma pessoa para outra, pois este microssistema é como um parasita assim que o hospedeiro morre e o sangue para de ser bombeado o parasita morre consigo, os habitantes mais antigos também foram submetidos a esse micro-sistema, e os que se revoltaram contra isso são chamados de unheard e só tem acesso ao básico do que necessitam para sobreviver, e nada além disso.
A religião passou a ser tratada pela maioria como lenda ou atraso para a humanidade, já que humanos podem se alto titular seres perfeitos e divinos.
Quando nasci, a ideia de ser implantado o micro-sistema já era feita mas comigo por alguma razão foi diferente, não lembro de minha infância ou adolescência, pra dizer a verdade não lembro de nada a meu respeito, apenas uma coisa vaga por minha memória como um flash, o rosto de uma mulher, linda, cabelos negros, olhar tímido e sorriso sincero, esses flashes passam constantemente em minha mente, e sinto que tudo se esclarecerá quando encontrar ela.
Desde o que me lembro, sou como sou, sem história ou nome comprovados, dado a esse feito me nomeei Kasoro, e tenho tentado desde então ter acesso a minha história e vida verdadeira. Porém tudo se torna complicado quando você é um unherard.
Em busca de minha história e quase sem esperanças, resolvi buscar a resposta em um lugar pouco frequentado por aqui, uma Catedral, lá vejo um homem já de idade, que já quase sem forças para se levantar, ainda ora e pede algo em silêncio, com uma lagrima escorrendo de seu olho, observei-o por algum tempo, até que o vejo se levantando e saindo pela porta principal, vou então atrás dele e pergunto:
- Senhor !
- Sim ?
- O senhor ainda tem fé ?
- E por que não deveria ter, o mundo está cada vez mais “perfeito” – me responde com um sorriso sarcástico.
Naquele momento percebi o porquê de sua lágrima, mas mesmo assim não deixei de perguntar:
- O senhor sente falta dos velhos tempos?
- Meu jovem, os tempos mudaram, por mais que eu tenta-se lhe explicar algo de meu tempo, tudo o que você sabe e vê hoje, não o deixariam acreditar em como eram os meus tempos.
Neste momento o abracei, e antes de soltá-lo quebrei-lhe o pescoço e o deixei levemente deitar-se ao chão, descendo as escadas, olho para traz e o vejo com aquele mesmo sorriso de antes, mas agora sem ironia.
Após a morte daquele senhor, o flash dela me veio novamente a mente, porém desta vez, após o flash, uma forte dor veio na parte de traz de minha cabeça, logo minha visão escurece e já não escuto som nenhum.
Ao acordar estou em um ambulatório, na ala de neurologia, levanto-me porém me pareço um pouco tonto, como se tive-se sido dopado, o que hoje já não se é feito pois temos equipamentos que induzem ao sono profundo, o que pode ajudar em cirurgias, mesmo estas não sendo tão feitas hoje, já que com um organismo praticamente imune e auto protegido, doenças são raras. Levanto-me da cama com um pouco de dificuldade, e vejo médicos analisando raios-x aparentemente de um cérebro, quando percebem minha presença falam algo, que não consigo entender, pois o efeito da dopagem ainda não passou totalmente, eles veem em minha direção e aplicam algo em meu pescoço, tudo se apaga novamente.
Acordo em uma estação de transporte, e a única coisa da qual me lembro e de ter conversado com um senhor na Catedral, e mata-lo, após isso tudo se apagou e agora estou aqui, em uma estação central de transporte. Coisas como estas acontecem sempre que a lembrança do rosto dela veem a minha mente.
Entrando em um veiculo de transporte, seleciono a rota de um hotel, onde tenho passado o tempo desde que me lembro de algo. Já passam das onze da noite, mesmo cansado e sem saber bem o que aconteceu, será difícil conseguir dormir, sabendo que mais um dia se passou e outro virá e eu ainda não tenho nenhuma resposta da onde vim, ou onde devo ir.
Naquela noite, sonho com ela, porém já não é mais apenas um flash, ela está em um quarto, muito bonito, decoração antiga, moveis ainda artesanais feitos a mão, ela se senta na cama, parece que eu irei toca lá, seu rosto vira-se para a janela do quarto, passo minha mão deslizando por sua pela clara, ela se virá novamente para mim e como se estive-se se aconchegando passa calmamente seu rosto por minha mão, mas de seus olhos caem lágrimas, tento seca-las porem o flash acaba e eu me acordo, tudo parece não passar de um sonho, fim, naquela noite não consigo mais dormir, refletindo, pensando, analisando todas as possíveis causas deste sonho, seria isso uma lembrança de uma vida passada, ou sinal de algo ? Independente do que fosse este sonho eu preciso encontra-la, viva ou morta, pois cada vez mais tenho a certeza de algo nela me dará uma resposta.
A fé que tenho, de que algo maior exista está cada vez mais fraca, onde busco respostas encontro a “perfeição”, então me coloco em discussão com este ser superior, em livros conta-se a história de um ser perfeito, e que ninguém poderá jamais se tornar como ele, então por que ele deixaria uma blasfêmia como está estar acontecendo, deixar o mundo que ele mesmo criou se denominar tão tal como ele? A resposta é que provavelmente ele não exista.
Já quase sem alternativas, resolvo testar o que antigamente muitos me condenariam se eu o fizesse, mas hoje poucos se importam pois são “perfeitos” e não temem a nada, a tecnologia e os avanços de cada dia os protege de qualquer mal que possa ocorrer, sendo assim, resolvo testar se seres além deste mundo, forças superiores existem, desafio que o ser superior castigue a todos com seu poder inestimável, mas tal ato não ocorre, já como esperado, recoro então ao outro lado, este lado que hoje pouco falam, outros dizem até que nunca existiu, peço então a este que se exista prove-me me mostrando meu passado, mas antes mesmo de terminar meu pedido, o céu estronde-se e ao meu lado um senhor dizendo que minha prece será concedida, pergunto-lhe:
- Como pode você, me conceder o que peço ?
- Você clamou por mim, eu estou aqui, não acredita que eu posso realizar o que pedes?
- Não apenas não creio como sei que não pode.
Com um sorriso no canto de seus lábios, e um olhar para o nada, ele apenas retira seu chapéu, e o joga em minha direção, sem tempo de reação aquilo me acerta com tamanha força para um simples chapéu e a dor que sinto não pode ser comparada a nada é algo que ultrapassa os limites físicos, creio que algo semelhante a morte mais lenta que exista, é como se isso estive-se acontecendo milhares de vezes, eu estive-se morrendo várias vezes sem ao menos morrer de verdade o que seria um alivio em tamanha dor, mas, após isso consigo ver claramente ela e agora sei que está viva em algum lugar não longe de mim, sei onde encontra-la sei o que sou e para que estou aqui. Porém tudo acaba, e aquele senhor está em minha frente agora, olhando fixamente em meus olhos, e colocando novamente seu chapéu, ele se vira, e começa a andar, pergunto a ele:
- E agora, o que eu faço ?
E ele sem se virar, me responde sarcasticamente:
- Agora você realiza um desejo meu.
- Que desejo? O que eu poderia fazer para compensar o que fez para mim ?
Agora gargalhando ele me responde:
- Esquece-se de tudo o que lhe mostrei.
- Mas por que eu faria isso, nem mesmo se eu quisesse esquecer, o que eu vi respondeu tudo que eu precisava saber.
- Você não precisa querer, já está feito.
E assim do mesmo jeito que apareceu, agora não estava mais lá. Eu agora despreocupado com minha história, penso como vou esquecer o que vi, tudo se esclareceu tudo está em seu lugar preciso apenas chegar até ela e mostrar que estou bem.
Mas aos poucos o rosto dela vai desaparecendo de minha memória, o lugar onde está, o que éramos juntos, tudo está sumindo, minha mente está se esvaziando novamente, e tudo que vejo é o sorriso daquele senhor, tudo escurece ouço apenas uma coisa em minha mente:
- Não desista.
Abro meus olhos e aquele senhor que consigo lembrar de seu rosto mas não consigo associar á um nome ou da onde o conhecia, está lá parado ao meu lado, com um sorriso sarcástico dizendo:
- Você ainda tem fé?
Sem saber ao certo quem é ele, e por que está pergunta, não sei o que responder, e ao tentar me levantar para respondê-lo ele sorrindo, olha em meus olhos e diz:
- Abandone-a! Esqueça-a! Agora você é meu.
Uma imensa dor em minha cabeça não me deixa fazer nada, a dor é horrível, sinto como se meu cérebro cresce-se sem parar, e eu nada podia fazer contra isso, mas a dor passa como uma brisa de vento forte. E outro sorriso aparece em minha mente um flash curto de memória, um rosto lindo, cabelos negros e um olhar tímido. Abro meus olhos e aquele senhor me segurando fortemente grita olhando profundamente em meus olhos:
- Esqueça-a!
Mas não posso fazer o que ele pede aquele rosto lindo de pele clara, continua a aparecer em flashes de memória, como que cada vez em um intervalo de tempo menor, este senhor em minha frente já sem paciência, me levanta e me pede para que mate alguém, algo que antes eu conseguia fazer sem remorso algum agora parece algo impossível de realizar, este senhor ao meu lado coloca uma arma em minha mão e quase que apertando o gatilho para mim pede para que eu faça, mate qualquer um que passar em meu caminho, mas não posso, o sorriso dela não permite que eu realize tal ato, ele então já sem mais o que fazer coloca a mão em meu peito e diz:
- Agora, agora você tem fé? Agora você acredita Nele? Acredita mesmo que tendo esperança agora pode se livrar de mim? Se engana se pensa assim.
Ele então me solta, e como se não senti-se minhas pernas ou qualquer parte de meu corpo caio, mas alguém logo me ajuda a me levantar, é uma garota jovem, ela chega a porta de um hospital e me deixa lá, entendo então o porque, ela não tem o “parasita” é um ser humano normal, e sendo assim é um unheard, e não tem acesso ao hospital, logo enfermeiros veem me buscar, mas estão com cara de espanto ao me ver ali, sou levado para dentro, lá me colocam em uma maca e sou levado as pressas para uma sala no interior daquele hospital, chegando lá dois médicos estão se preparando para um tipo de cirurgia, mas sem maquinas, o que é muito estranho, então alguém entra pela porta, todos no quarto ficam com cara de espanto, mas não movem um músculo, um voz doce pede a retirada de todos, e assim é, todos saem, passa por mim então uma mulher, mas a vejo só de costas, cabelos negros, presos, ao se virar, a reconheço, é ela, ela é quem eu via em meus flashes, fico feliz por ter a encontrado, mas ela não parece estar como eu, lagrimas escorrem de seus olhos, eu sem poder me mover, não posso fazer nada a não ser tentar uma pergunta:
- Quem é você ?
Chorando desesperadamente ela responde:
- Rebeca, sua esposa, você não lembra?!
Minha esposa? Mas como poderia ter me casado se nem ao menos meu nome eu sei? Sem ter forças para tentar uma segunda pergunta, calado aguardo ela continuar:
- Eu já não sabia mais o que fazer, para ficarmos juntos você precisa de uma identificação, disseram que era impossível, que não havia como mas mesmo assim tive de tentar me perdoe.
Não estava conseguindo entender nada, mas sem tem como interrompe-la a única coisa que eu poderia fazer era aguardar:
- Me disseram que poderia haver efeitos colaterais caso tal processo fosse feito, porém não esperava isso, esquecer de mim e da sua filha, esquecer o quanto éramos felizes, se tornar agressivo e cometer crimes tão cruéis. Tentei varias vezes mudar o erro que eu havia feito, porém cada erro que eu tentava corrigir acarretava em outro, e cada vez você se esquecia mais de sua vida, mas fui forçada a continuar tentando, meu amor por você não me deixou parar. Você é um humano diferente, sua capacidade cerebral é mais elevada seu organismo responde diferente dos outros, ao nascer o microssistema implantado em você morreu assim que entrou na corrente sanguínea, o conheci ainda jovem, e juntos namoramos por muito tempo, porém eu queria uma carreira de sucesso e com um unheard ao meu lado não seria possível, por isso ao nos casarmos, após eu fazer testes durante anos, tentei convencer você de que seria possível implantar um microssistema diferente em você porém dando as devidas qualificações necessárias, você negou varias vezes, então fui forçada a fazer sem o seu consentimento, mas não saiu como esperado seu organismo reagiu diferente a este “parasita” o aceitou de forma estranha, e por seus crimes e atos catastróficos, tive de colocar em você um microchip, o qual sempre que eu consegui-se avançar em meus estudos e precisa-se de você, me daria sua localização exata e o doparia, para que eu pude-se busca-lo, mas aos poucos, você foi morrendo, quem sabe a imensa fé em que você tinha antes de eu colocar isso em você, tenha te salvado até agora, mas não há mais salvação, me perdoe, me perdoe.
Tudo estava esclarecido agora, porém já não adiantava mais saber meu passado se eu não tinha um futuro a seguir, saber que a busca pela perfeição da humanidade trouxe apenas mais um problema a descriminação genética, o que levou minha própria mulher a fazer um ato desesperado, agora sei o por que de quando eu desafiei o Senhor, a punir todos nós, por nos dizermos perfeitos, Ele não o fez, porque mesmo antes de eu desafia-lo ela já havia feito, arvores e animais, são encontrados em livros de história infantil, amor não existe em parte alguma, você só se casara e “amará” se sua genética for compatível com a do seu parceiro, a divinificação esqueceu de uma coisa, não há como definir perfeito, a não ser Ele.
E agora a ultima coisa que consigo lembrar, é que quando a lagrima dela escoria em meu sonho, eu não pude seca-la porque eu não sou perfeito.

Günther Weissböck

Era um belo dia, eu já estava na escola e resolvi passear um pouco, indo até uma sacada que tinha visão para o portão do colégio, onde se podia ver 3 inspetores rondando o pátio, com um sol não tanto forte, me sentando no vão do ferro onde se encontrava a sacada, começando a observar a rua, sentindo uma leve paz e um silêncio.
Aos poucos, vejo um homem se aproximar, podendo notar que a sua roupa já estava bastante gasta, e seu rosto não parecia normal, enquanto o mesmo encostava-se ao portão da escola, começando a dar alguns gemidos pequenos, passando seus braços entre os vãos, achando aquilo muito esquisito começo a observar com mais atenção, notando que os inspetores pedem para o mesmo se retirar ou se afastar do portão. A medida que o tempo passa, um dos inspetores carrega uma chave para perto do portão, abrindo o mesmo e pedindo para o senhor se retirar, e sem mais nem menos, o homem cujo o rosto estava totalmente deformado pula diante do inspetor, fazendo o mesmo cair ao chão, mordendo seu pescoço e arrancando parte do mesmo fora, de imediato fazendo eu me levantar, com os olhos arregalados vou começando a me afastar, enquanto os inspetores começam a correr na direção do homem, também sendo atacados.
Começo a correr, abrindo a porta que da acesso ao corredor, ficando de frente para a minha sala e como não havia aula, apenas chamo alguns de meus amigos e peço apenas para eles correrem que eu explicaria depois. Vamos correndo aos poucos, enquanto o sinal para o intervalo bate, já sabendo que as pessoas que iriam descer também seriam atacadas, começando a me preocupar ainda mais, abro uma das portas que as funcionarias faziam a limpeza, encontrando por um acaso um taco, e alguns cabos de vassoura, entregando aos meus amigos, pedindo para que distanciem aos poucos, enquanto vou contando a história.
Olhamos para a janela e podemos notar que muitos que estavam no pátio já haviam sido infectados por algum tipo de vírus, enquanto iam se espalhando, meus amigos e eu íamos correndo em direção do lugar mais alto do prédio da escola, bastante preocupados principalmente com as nossas famílias e como sairíamos de lá.
Ao abrir a porta para a passagem do lugar mais alto do prédio, nos deparamos com uma menina, totalmente ensanguentada, dando alguns passos para trás a menina sai correndo em nossa direção, e em um ato heroico um de meus amigos joga o taco na direção da cabeça de nosso infeliz mutante, paralisando totalmente os movimentos do mesmo, e assim descobrimos que poderíamos parar os mesmos com uma forte pancada na cabeça.
Ao matarmos um estilo de ‘zumbi’, atraímos a atenção de muitos devido o barulho, então saímos correndo na direção do lugar mais alto, jogando várias coisas pelo caminho para que então pudéssemos atrasar os inimigos, e assim que chegamos a escada um dos zumbis consegue pegar a perna de meu amigo, mordendo a mesma, enquanto os meus outros dois amigos vão apunhalando o zumbi na cabeça para que então soltasse a perna do mesmo.
Jogamos um armário sobre a escada para os zumbis se atrasarem a vir atrás de nós, e carregamos nosso amigo para o teto da escola, e com uma voz fraca ele fala:
- Me mate, ele me mordeu e provavelmente eu serei infectado, por favor..
O outro amigo, num ato de desespero retorna:
- Não! Não vamos matar você, se acalma alguém vira nos pegar, eu tenho certeza disto...
Após estas palavras, ouve-se um grito do amigo que havia sido infectado, enquanto suas veias iam saltando para fora, e sua pele ia começando a ficar escura, ele ia cuspindo sangue enquanto ia gritando para mata-lo, eis que o amigo que estava mais quieta pega o taco que estava no chão, e num ato de coragem ele bate com toda sua força sob a cabeça do amigo infectado, matando o mesmo para que suas vidas fossem salvas.
Todos se abaixaram e começaram a se lamentar, e eu apenas observando toda a cena, sem poder me mover, totalmente em choque, travado e sem voz, sem saber o que fazer diante desta situação, pois nunca eu havia presenciado tal ato.
Após alguns segundos, meus dois amigos Jin e Ork começam a me cutucar, pedindo para que eu explicasse melhor a história, então calmamente eu fui contando novamente a história, e então Jin que era extremamente inteligente e gostava muito de ficções, começou a deduzir que isso poderia ser algum tipo de doença que havia sido espalhada pela cidade, para que houvesse tal Holocausto.
Após ficarmos em silêncio por muito tempo, vou notando que os zumbis desistem da gente, sentindo algo muito estranho, pois nós ainda estávamos ali, então eu falo:
- Viram isto? Os zumbis estão desistindo... Acho que eles só atacam pelo barulho, eu quero testar isto...
Jin e Ork de inicio ficam preocupados, mas aceitam testar a ação, então pulamos aquele armário que deixamos na escada e vamos em direção do corredor, pegando o tênis da menina que um de meus amigos havia matado antes, jogando na direção de um armário bem longe de nós, e então como pensado muitos zumbis iam correndo na direção do tênis, pulando em sua direção, pois eram movidos apenas pelo som.
Então, vamos calmamente andando pelo corredor, enquanto os zumbis ainda estavam procurando pelo tênis, podendo sair em silêncio até chegar a sala de materiais, onde eram feitos os experimentos de química, enquanto meu amigo Ork e Jin vão adentrando a sala, fecho a porta calmamente para não realizar nenhum tipo de barulho.
Como havia contado antes, Jin era um cara muito inteligente, então rapidamente pegou alguns pedaços de madeira pequenos, encaixou os mesmos e realizou um tipo de estilingue, pegando várias caixas de prego que havia ali por perto, fazendo um tipo de arma para nos proteger caso precisássemos.
Eu com um taco, meu amigo Jin com uma seta e outro amigo Ork com um cabo de vassoura cortado pela metade e ampliado com algumas madeiras e pregos do laboratório, vamos saindo da sala na direção do corredor que da acesso a saída do colégio, causando um pouco de barulho e chamando atenção de meia dúzia de zumbis, e com uma coragem que jamais tínhamos antes, saímos correndo na direção do mesmo, enquanto Jin fica na retaguarda, já acertando a cabeça de um dos zumbis, Ork sai correndo e acertar mais dois zumbis, sobrando apenas um zumbi que estava se levantando, jogando o taco com toda a minha força, conseguindo se livrar da primeira remessa dos mutantes, enquanto íamos saindo correndo na direção da saída, enquanto pensávamos em algum plano para fugirmos dali.
Desesperados, Ork começa a dialogar.
- Eu preciso ir para casa, preciso de minha família... Preciso saber se eles estão bem.
Jin também responde:
- Eu também... Eu não sei o que esta acontecendo mas eu não quero ficar aqui, é melhor a gente dar o fora antes que a gente fique iguais a eles.
Quieto, penso um pouco e falo:
- Não irá adiantar de nada se a gente se separar... A gente vai ter que pensar como um e fazer algo pra gente escapar dessa, se a gente conseguiu escapar nossos familiares com certeza estarão bem, eu não duvido disto, mas a gente tem que pensar agora em nós, como a gente vai sair daqui.
Recebo um sim de meus dois amigos, enquanto vamos andando pelas ruas totalmente desertas, vários vidros quebrados, carros pegando fogo, lixo, placas de metal jogados no meio da rua, podendo notar que aquilo já havia se iniciado faz algum tempo, novamente ficando preocupado com nossos familiares, mas tentando não transparecer, enquanto chegamos a uma esquina de um supermercado.
Totalmente escancarado, as portas quebradas e vários alimentos fora de seus lugares, sugiro que a gente pegasse alguns suplementos antes de iniciar nossa caminhada, pois uma hora ou outra iriamos necessitar daquilo.
Vamos caminhando na direção do supermercado enquanto pegamos uma caixa, jogando ali vários tipos de comida, isqueiros, barracas, lanterna, utensílios que poderiam ser usados como arma contra os zumbis e etc.
Após sair do mercado com a caixa totalmente cheia, vamos andando até chegar a outra esquina, encontrando um orelhão, saindo correndo na direção do mesmo e discando o número de casa, número do celular de meu pai, de minha mãe porém todos estavam sem serviço, acabando com as esperanças que eu tinha no momento, desligando o orelhão...
O sol começa a sumir, enquanto as nuvens vão tomando conta do céu apenas digo para acharmos um lugar para nos instalar e armar nossas coisas, para passar a primeira noite do Holocausto contra os zumbis, encontrando uma esquina fechada, armando a barraca e colocando vários objetos para que fechasse uma roda.
Dois dormiam enquanto um vigiava o local, podendo notar que alguns zumbis passavam perto de nosso acampamento, mas como estávamos em silêncio, eles apenas passavam por nós, com um odor horrível e gemendo baixinho, dando um medo extra em nós, mas sempre tentando manter a calma, pois nossas vidas estavam em risco ali.
A manha vai chegando, enquanto os três já mais descansados começam a comer um bocado, matando um pouco da fome que estavam pois haviam gastado muita energia para corredor dos mutantes.
Eu e meus dois amigos pegamos as coisas e nos levantamos, guardando-as novamente nas caixas, enquanto vamos caminhando pelas ruas novamente desertas, nos deparamos com um bar e uma televisão ligada, diretamente do noticiário, enquanto íamos nos aproximando com calma para poder escutar o que estava se passando, sem chamar a atenção dos mutantes.
Após chegarmos perto, as noticias eram as seguintes:
A doença se propaga por toda as Américas, Na china já está havendo a possibilidade de se jogar uma bomba, pois á muito poucos sobreviventes, na Europa a doença vai chegando aos poucos.”
Depois de muita informação a mulher completa:
A real causa da doença é que os Estados Unidos lançou essa doença em um laboratório controlado para erradicar uma raça inteira, seria uma tática de guerra, mais ele saiu do controle pois os pesquisadores viraram zumbis e começaram a atacar a todos.”
A mulher vai explicando melhor, mais antes que ela terminasse uma invasão de zumbis entra no estúdio escondido onde as noticias estavam sendo feitas, enquanto íamos assistindo a moça ser dolorosamente mordida pelos zumbis, colocando a mão em minha boca e vendo o tamanho de tal crueldade, começando a caminhar para trás.
Vamos saindo no bar, notando alguns zumbis em nossa lateral direita, pegando uma pedra e jogando para longe de nós para que os zumbis se atraíssem pelo barulho e então poder sair de fininho para também não acabar como eles, retirando o meu taco revestido com pregos e algumas madeiras, caso eu precisasse usá-lo.
Após algum tempo, vamos andando por uma rua totalmente deserta, enquanto passamos por outro bar, ouvimos a noticia.
- “A bomba que irá atingir a América Latina já foi lançada, não há sobreviventes nesta região.”
Olho para meus amigos, vendo que o esforço que havíamos feito tinha sido em vão, então me ajoelho ao chão, olhando para cima e falando algumas palavras, tirando um pacote de salgadinho da caixa, sentando ao lado de meus amigos enquanto uma vasta poeira ia se aproximando de nós, com um barulho muito forte, sendo engolido pela explosão e morrendo ali mesmo, porém perto de meus amigos que estavam comigo até o final, na alegria ou na tristeza.








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