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23 de mai. de 2012

#43 Assistencialismo é fundamental? Só se for para manter as coisas como estão


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Assistencialismo - Pessoas distribuindo sopa na rua


A intenção desse texto é diferenciar o que é assistencialismo e Assistência Social, para que não sejam cometidos equívocos, como foi o caso da entrevista concedida pelo pré-candidato Elemar Cezimbra na edição do dia 22/05/2012 do Jornal Correio do Povo do Paraná.
A Assistência Social é uma política pública de garantia e defesa de direitos, regulamentada pela Constituição Federal /1988, Lei Orgânica da Assistência Social/1993, Política Nacional de Assistência Social/2004 e pelo SUAS/2011. Que é destinada à população em situação de risco e vulnerabilidade social, com o objetivo de superar exclusões sociais e defender e vigiar os direitos socioassistenciais de cidadania e de dignidade humana.
Já o assistencialismo é o acesso a um bem através de doação, não havendo garantia de cidadania porque o acesso a condições plenas dignas de vida dos cidadãos é conseguido através de favor, à espera da boa vontade e interesse de alguém.
Como pode ser percebido, a Assistência Social trabalha com direitos garantidos em lei, conquistas dos trabalhadores que se mobilizaram e reivindicaram melhorias e atendimentos, que são realizados através das políticas sociais. Não é um favor, mas sim direito. Já o assistencialismo é favor, depende da generosidade de alguns indivíduos. Se for possível que exista alguma importância do assistencialismo na nossa sociedade, ela só pode ser vista como a intenção de realizar a manutenção de um sistema que oprime, exclui e tenta controlar o povo através da sua “bondade” ou “generosidade”.
O assistencialismo não visa a emancipação do indivíduo, mas apenas amenizar esporadicamente uma família ou grupo em situação de risco. Isso não é bom, porque não possibilita mudança real na situação que se encontram essas pessoas. Já a Assistência Social, através da sua Política de Assistência Social, articulada com as demais Políticas Sociais, visa a emancipação do indivíduo, para que ele possa sair da situação de vulnerabilidade e não regressar a ela.
Portanto, é necessário ter conhecimento dessa diferenciação para que o desenvolvimento de projetos e programas sociais trilhem o caminho correto, garantindo direitos e que não sejam tratados como favor. Por que se ocorrer apenas assistencialismo, sempre haverá a necessidade de mais assistencialismo, amenizando e não possibilitando mudança. Se a preocupação é a erradicação das situações de vulnerabilidade, é preciso articulação entre as políticas e compromisso do Estado e da sociedade civil para que essa situação seja superada. Porém, talvez não seja essa a intenção desse modelo capitalista e neoliberal que a modernidade (ou pós-modernidade) quer, pois é necessário indivíduos em situação vulnerável compondo um exército de reserva para a sua manutenção.

10 de mai. de 2012

#42 “Sua disciplina professor é um saco!!”



                                                   
                                                  
Ouvir isso numa reunião de entrega de boletins realmente desanima qualquer um. E não foi de aluno nenhum, mas de uma mãe.

No momento fiquei sem reação, e só pude dar um sorriso amarelo, como quem não gostou. Depois que terminou, fiquei me perguntando o que ela realmente quis dizer com isso. Lembro que após essa frase ela mencionou aulas diferenciadas, que não basta ficar sentado prestando atenção no que o professor tenta transmitir. Citei então, que utilizo de músicas, vídeos, debates para estimular a reflexão. Mesmo assim ainda estou incomodado com a frase dessa mãe. Penso que da próxima vez vou perguntar o que ela quis dizer com aquilo.

Não tive essa disciplina em todos os anos do meu Ensino Médio, porém, quando tive sempre adorei e por esse motivo é que decidi cursar Filosofia. É óbvio que nem todos gostam dela ou precisam gostar. Não sei ainda porque estou pensando nisso, pois a Filosofia é chata mesmo, é realmente um saco. 

Ou vai dizer que é todo mundo que gosta de pensar sobre as coisas, investigar, procurar olhar o todo, ter uma atitude crítica? O filósofo Sócrates foi condenado na Grécia antiga por estimular os jovens a pensar. O governador do Estado do Paraná mencionou semanas atrás que o efetivo da polícia não precisa ter curso superior, pois senão podem não querer cumprir as ordens. 

E realmente, quem quer que as pessoas pensem? É mais fácil mandar e controlar dessa maneira.
Todas as disciplinas escolares são importantes, elas não podem ser pensadas de forma fragmentada, mas conectadas. Os problemas humanos não são resolvidos pela língua estrangeira, artes, matemática ou filosofia. Mas sim pela articulação entre os saberes que me aproprio e então tenho a possibilidade de resolução.

Ninguém gosta de tudo ou é obrigado a gostar, mas verificar a importância das coisas e respeitar é essencial, pois isso também é educar e possibilita sairmos do senso comum.