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16 de jul. de 2012

#48 Experiência filosófica em sala de aula - Parte I


No segundo bimestre do ano letivo de 2012, foram desenvolvidas atividades com os alunos do 3º ano do Colégio Estadual Visconde de Guarapuava, na cidade de Guarapuava – PR, relacionadas ao termo Bioética na disciplina de Filosofia.

Bioética é uma disciplina que introduz a consideração moral na medicina e nas ciências biológicas, também considerada uma “ética aplicada, chamada também que visa “dar conta” dos conflitos e controvérsias morais implicados pelas práticas no âmbito das Ciências da Vida e da Saúde do ponto de vista de algum sistema de valores (chamado também de “ética”). (…) instada a resolver os conflitos éticos concretos. Tais conflitos surgem das interações humanas em sociedades a princípio seculares, isto é, que devem encontrar as soluções a seus conflitos de interesses e de valores sem poder recorrer, consensualmente, a princípios de autoridade transcendentes (ou externos à dinâmica do próprio imaginário social), mas tão somente “imanentes” pela negociação entre agentes morais que devem, por princípio, ser considerados cognitiva e eticamente competentes.” 1

Alguns temas relacionados a esse conceito multidisciplinar e que foram tratados nas aulas, através de pesquisas e apresentações dos alunos são: Engenharia Genética, Meio Ambiente e Desenvolvimento Tecnológico.

Parte dessa proposta foi encontrada na Revista Carta na Escola, que reúne algumas matérias da Revista Carta Capital e que podem ser trabalhadas em sala de aula. A matéria em questão se chama “Limites do saber”, propondo então que além da matéria, fossem pesquisados os itens acima relacionados. Além disso, trouxe exemplos de filmes e livros que tratam do assunto, como o livro “1984” - de Geogre Orwell e o filme “Eu robô” - dirigido por Alex Proyas, mas que também é um livro. Pode ser citado ainda o livro “Admiravel mundo novo” - de Aldous Huxley, os filmes “Inteligência Artificial” de Spilberg, o filme/documentário já citado aqui "Era da estupidez", entre outros. 

Porém, o filme trabalhado como os alunos é a obra “GATTACA – Experiência genética” dirigido por Andrew Niccol, em 1997. Trata da eugenia, num futuro próximo onde é possível escolher como as crianças serão, suas características, suas habilidades, evitar doenças, etc. Dessa forma, os concebidos de forma natural são discriminados, havendo uma nova divisão de classes, mas agora pelos genes. Mas um ser humano “natural”, tenta realizar coisas que são permitidas apenas para os seres “perfeitos”. Uma bela história de ficção científica, que os alunos assistiram e fizeram uma análise através dos conhecimentos adquiridos e do que foi estudado.

Para finalizar a temática, foi proposto que os alunos fizessem contos de ficção científica, relacionados a bioética. E alguns permitiram que fossem publicados no blog. Portanto, abaixo segue os contos dos alunos da forma que enviaram e que permitiram sua publicação, citados os nomes dos autores. 

Como são vários contos, dividi em duas postagens a publicação deles. 
A ordem dos contos foi aleatória:


24 de jun. de 2012

# 46 O que enxergar?

 


Assisti hoje o filme "Jeff Who Lives at Home", com a única pretensão de entretenimento por uma hora e pouco. Porém, o filme me surpreendeu e trouxe-me até essa postagem.

O filme é simples, mas trata de alguns assuntos cotidianos e problemáticos que alguns tem de lidar.

Jeff, o personagem principal é um cara de 30 anos, que mora com a mãe e procura enxergar sinais nos acontecimentos cotidianos. Recebe uma ligação em que procuravam por um tal de Kevin e acredita ser aquilo um sinal. Seu irmão, bem sucedido profissionalmente, está um momento difícil no casamento. Sua mãe, viúva passa aparentemente por uma reflexão do que se tornou sua vida e começa a ser galanteada no local de trabalho.

É uma comédia, aparentemente despretensioso, mas como um quebra-cabeça as partes fazem sentido no final.

Mas o que me levou a escrever sobre o filme é a questão do que devemos fazer nas mais variadas situações. Agir como? Cada ação levará a um determinado fim, como saber se estamos agindo corretamente? O que é o certo a fazer?

Jeff acredita que devemos seguir nosso instinto, é um tanto vago. Mas é a "fórmula" que ele encontra. E acaba dando certo para ele no final (não vou contar tudo senão perde a graça caso você queira assistir).

Talvez quando algumas coisas acontecem, sejam sinais para nós, mas não conseguimos enxergar. Pode ser alguma coisa mística, mágica como os livros do Paulo Coelho. Mas se você enxerga sinais nas coisas, e se orienta por elas, o que posso dizer?

Simplesmente gostei e quis compartilhar com vocês essa reflexão.

18 de jun. de 2012

#45 Rio +20, interesses e futuro






As discussões a respeito da problemática ambiental estão em pauta, principalmente pela reunião do Rio +20.
Porém, parece estar longe um consenso e a efetivação de ações que viabilizem o futuro da raça humana. Isso porque acredito que o mundo continuará existindo, a natureza tem a capacidade de se adequar, tem seus ciclos, mas nós somo frágeis e a única possibilidade de perpetuar nossa espécie e evitar uma extinção é utilizar nossa criatividade e inteligência. 
Porém, os interesses econômicos ainda falam mais alto, porque essa inteligência e criatidade possuímos. Basta você fazer uma pesquisa rápida sobre alternativas de energia, de consumo racional das matérias primas, formas de reaproveitamento, baixo impacto ambiental que você encontrará milhares de soluções, mas que são normalmente de alto custo, pois a demanda ainda é pouca. 
Além do mais, tais reuniões como Rio +20 e tantas outras que sempre acontecem pelo mundo, acabam não desenvolvendo-se porque os principais poluidores e geradores de impactos ambientais grandiosos, ficam em cima do muro, evitando assumir responsabilidades. Fica sempre nas costas da população, que deve ter medidas simples e evitar desperdícios, consumo consciente e bla bla bla. Claro que isso é importante, mas é necessário que os maiores responsáveis realmente sejam responsabilizados e invistam em medidas que desonerem o impacto ambiental.
Não acredito nessa possibilidade de sustentabilidade, porque toda atuação humana acaba modificando a natureza, e ela irá responder ou se protejer de alguma maneira, mas é necessário diminuir o máximo possível nossa interferência no ambiente que vivemos. Somos parte da natureza, ela é mais poderosa que nós. Basta ela dar uma chacoalhada que nossas usinas explodam e nos matem. 
A responsabilidade é de todos, a discussão deve ser feita, mas é urgente a tomada de medidas que evitem o pior. Já estamos atrasados e ainda ficamos com discussões que tentam não impedir o crescimento econômico, pensando em como destruir pouco a natureza e conquistar mais dinheiro. 
Isso é um contrasenso, pois ainda se pensa que o dinheiro é mais importante que a vida. Claro que para quem não estará vivo nos próximos anos, não há preocupação. Quanto a isso não sei o que pode ser feito, mas é necessário tentar fazer algo e evitar realmente, com objetivos e regras, de forma a modificar a possibilidade muito maior de extinção humana, do que de sobrevivência humana.

Um bom filme/documentário sobre o assunto é "Era da estupidez". Segue o  link do trailer abaixo e no youtube pode ser assistido por completo:



7 de jun. de 2012

#44 A tese dos 144 caracteres



O tema dessa postagem não foi verificado empiricamente, é baseada apenas em algumas observações do cotidiano, podendo ficar presa ao senso comum. Mas acredito que vale a pena pensar sobre isso.


No mundo da informação, da conexão e do dinamismo, as pessoas acabam fazendo tudo muito rápido e esperando que tudo venha "mastigado", pronto. Tenho observado em sala de aula (nível médio e universitário) que os alunos (sem generalizar) não conseguem prestar atenção durante poucos minutos, seja numa leitura ou numa explicação. Tenho brincado que é preciso sair da ideia de que 144 caracteres é suficiente (fazendo analogia ao twitter), que conhecimento se dá em mais do que poucos palavras e que é preciso ter atenção, e que é difícil falar sobre um assunto em poucos segundos ou caracteres.

23 de mai. de 2012

#43 Assistencialismo é fundamental? Só se for para manter as coisas como estão


http://images03.olx.com/ui/20/61/75/1333980575_348825675_1-Fotos-de--sopao-para-desabrigados-do-Grajau.jpg
Assistencialismo - Pessoas distribuindo sopa na rua


A intenção desse texto é diferenciar o que é assistencialismo e Assistência Social, para que não sejam cometidos equívocos, como foi o caso da entrevista concedida pelo pré-candidato Elemar Cezimbra na edição do dia 22/05/2012 do Jornal Correio do Povo do Paraná.
A Assistência Social é uma política pública de garantia e defesa de direitos, regulamentada pela Constituição Federal /1988, Lei Orgânica da Assistência Social/1993, Política Nacional de Assistência Social/2004 e pelo SUAS/2011. Que é destinada à população em situação de risco e vulnerabilidade social, com o objetivo de superar exclusões sociais e defender e vigiar os direitos socioassistenciais de cidadania e de dignidade humana.
Já o assistencialismo é o acesso a um bem através de doação, não havendo garantia de cidadania porque o acesso a condições plenas dignas de vida dos cidadãos é conseguido através de favor, à espera da boa vontade e interesse de alguém.
Como pode ser percebido, a Assistência Social trabalha com direitos garantidos em lei, conquistas dos trabalhadores que se mobilizaram e reivindicaram melhorias e atendimentos, que são realizados através das políticas sociais. Não é um favor, mas sim direito. Já o assistencialismo é favor, depende da generosidade de alguns indivíduos. Se for possível que exista alguma importância do assistencialismo na nossa sociedade, ela só pode ser vista como a intenção de realizar a manutenção de um sistema que oprime, exclui e tenta controlar o povo através da sua “bondade” ou “generosidade”.
O assistencialismo não visa a emancipação do indivíduo, mas apenas amenizar esporadicamente uma família ou grupo em situação de risco. Isso não é bom, porque não possibilita mudança real na situação que se encontram essas pessoas. Já a Assistência Social, através da sua Política de Assistência Social, articulada com as demais Políticas Sociais, visa a emancipação do indivíduo, para que ele possa sair da situação de vulnerabilidade e não regressar a ela.
Portanto, é necessário ter conhecimento dessa diferenciação para que o desenvolvimento de projetos e programas sociais trilhem o caminho correto, garantindo direitos e que não sejam tratados como favor. Por que se ocorrer apenas assistencialismo, sempre haverá a necessidade de mais assistencialismo, amenizando e não possibilitando mudança. Se a preocupação é a erradicação das situações de vulnerabilidade, é preciso articulação entre as políticas e compromisso do Estado e da sociedade civil para que essa situação seja superada. Porém, talvez não seja essa a intenção desse modelo capitalista e neoliberal que a modernidade (ou pós-modernidade) quer, pois é necessário indivíduos em situação vulnerável compondo um exército de reserva para a sua manutenção.