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10 de mai. de 2012

#42 “Sua disciplina professor é um saco!!”



                                                   
                                                  
Ouvir isso numa reunião de entrega de boletins realmente desanima qualquer um. E não foi de aluno nenhum, mas de uma mãe.

No momento fiquei sem reação, e só pude dar um sorriso amarelo, como quem não gostou. Depois que terminou, fiquei me perguntando o que ela realmente quis dizer com isso. Lembro que após essa frase ela mencionou aulas diferenciadas, que não basta ficar sentado prestando atenção no que o professor tenta transmitir. Citei então, que utilizo de músicas, vídeos, debates para estimular a reflexão. Mesmo assim ainda estou incomodado com a frase dessa mãe. Penso que da próxima vez vou perguntar o que ela quis dizer com aquilo.

Não tive essa disciplina em todos os anos do meu Ensino Médio, porém, quando tive sempre adorei e por esse motivo é que decidi cursar Filosofia. É óbvio que nem todos gostam dela ou precisam gostar. Não sei ainda porque estou pensando nisso, pois a Filosofia é chata mesmo, é realmente um saco. 

Ou vai dizer que é todo mundo que gosta de pensar sobre as coisas, investigar, procurar olhar o todo, ter uma atitude crítica? O filósofo Sócrates foi condenado na Grécia antiga por estimular os jovens a pensar. O governador do Estado do Paraná mencionou semanas atrás que o efetivo da polícia não precisa ter curso superior, pois senão podem não querer cumprir as ordens. 

E realmente, quem quer que as pessoas pensem? É mais fácil mandar e controlar dessa maneira.
Todas as disciplinas escolares são importantes, elas não podem ser pensadas de forma fragmentada, mas conectadas. Os problemas humanos não são resolvidos pela língua estrangeira, artes, matemática ou filosofia. Mas sim pela articulação entre os saberes que me aproprio e então tenho a possibilidade de resolução.

Ninguém gosta de tudo ou é obrigado a gostar, mas verificar a importância das coisas e respeitar é essencial, pois isso também é educar e possibilita sairmos do senso comum.  

1 de mai. de 2012

# 41 O voo de Ícaro e nós



Segundo a mitologia gregra, Dédalo e seu filho Ícaro foram aprisionados no alto de uma torre, vigiada por soldados. Não sendo possível sair pela porta, Dédalo com sua engenhosidade, produziu asas com a cera das velas e as penas das aves que sobrevoavam a torre. Terminadas as asas, Dédalo e seu filho fugiram pela janela, mas antes de iniciar o voo, Ícaro foi alertado pelo seu pai para que não voasse muito alto para que a cera das velas não derretessem com o calor do sol. 
Porém, vislumbrado com a sensação de liberdade, Ícaro se esquece das recomendações do pai e acaba por fazer seu voo próximo ao sol, acabando por derreter suas asas e consequentemente não conseguindo mais voar e caindo no mar. Dédalo, prudente com a sua invenção consegue chegar a outra ilha e sobreviver. 

O que nos diz essa passagem da mitologia grega e que podemos relacioná-la a nós?

Bem, tenho trabalhado essa passagem realacionada a ciência e toda a nossa produção de conhecimento, tecnologia, intervenção na natureza. 
Dédalo desenvolveu uma tecnologia, mas sabia das limitações da sua invenção e que se não fosse utilizado da forma correta poderia prejudicar ele mesmo. 
Nós também criamos, inventamos muitas coisas que facilitam nossa vida como carros, produção em larga escala de produtos, medicamentos, alimentos modificados geneticamente, clones de animais... 
Mas será que pensamos nos limites dessas invenções? Nas consequências de criar tais produtos? Utilizamos de forma prudente ou de forma indiscriminada? 

Somos engenhosos como Dédalo, mas não podemos ser irresponsáveis como Ícaro, que não pensa nas consequências das suas ações e se dislumbra facilmente com as invenções. Devemos sim criar, produzir coisas que facilitem nossas vidas, mas não utilizar de forma indiscriminada, sem pensar nas consequências. Temos hoje a preocupação mundial com o meio ambiente, e muito se deve a nossa intervenção na natureza, produzindo consequências talvez irreversíveis. Tivemos um espírito parecido com o de Ícaro, irresponsável. E agora estamos tentando seguir com um espírito de Dédalo, responsável e de análise das consequências da nossa ações e produções.

O que você pensa sobre isso?