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17 de mar. de 2016

Há algo que se salva?



Hoje resolvi escrever, por não conseguir conter mais em mim o que tenho presenciado, vivido.
O que chama a atenção de todos, querendo ou não, é o cenário político. Mas os fatos que ocorrem nesse âmbito, se estendem a todas as nossas relações, sejam elas política ou não.
Discussões não racionais, motivadas pelos seus sentimentos, seus desejos partidários, sua ignorância política, sua fácil manipulação concentram os textos, as imagens com que nos deparamos. Caso você, tente, racionalmente compreender o que está ocorrendo, logo é atacado por um dos lados, identificando-o como pertencente ao outro. Não é uma questão de ficar sobre o muro, mas é possível, racionalmente, analisar que ambos os lados possuem problemas sérios, que se forem tomados apenas na perspectiva da corrupção, não se salvam.
A manobra que cada um utiliza para se segurar ou para continuar “batendo”, ambas são manipuladoras, desrespeitosas.
Mas há mais que isso. Há muitos apaixonados cegos, que só veem o seu interesse. Não conseguem perceber mais que um fragmento. Não que eu seja aquele que possui a “visão além do alcance”, mas é possível com paciência, tranquilidade, raciocínio e tempo, perceber que há furos em várias ações.
Costumo afirmar que a corrupção é um problema ético, que está ligado ao hábito que adquirimos em algum momento da vida de nos beneficiar nas diversas situações. Aprendemos com os outros, vemos que é bom quando nos damos bem, mas péssimo quando somos lesados. Nossas pequenas corrupções nos habituam a realizá-las quando tivermos a oportunidade de lesar milhares de pessoas. Mas continuamos condenando aquela corrupção que nos lesa. Exemplos são vários, é só lembrar daquele conhecido que se manifesta contra a corrupção, mas no outro dia é julgado e condenado por corrupção.
Nesse contexto, levantam-se heróis. Acreditam que eles são os bons, os salvadores. Mas esquecemos que não estão fazendo mais do que o seu trabalho, juízes deveriam julgar, lutar por justiça. Representantes deveriam nos representar, buscar o bem de todos. Professores deveriam contribuir com a educação dos jovens. Mas não me recordo de alguém me parabenizar por estar fazendo o meu trabalho. Não me lembro de alguém ir para as ruas com um cartaz escrito: TODOS SOMOS DANIEL. Não aspiro isso.
Médicos deveriam fazer o seu serviço, de maneira objetiva. Mas alguns escolhem julgar na consulta ou no exame, as escolhas de seus pacientes. São desrespeitosos muitas vezes. A saúde e seus funcionários permeiam um sistema que humilha os pacientes, que já não se encontram em boa situação. Isso ocorre na falta de atendimento, na morosidade, no descaso. E insistem em expor aquelas placas alertando que ofender pode causar prisão. É bem provável que isso esteja lá porque sabem do péssimo atendimento que fazem e já querem se defender do que pode vir.
As pessoas reproduzem o que ouvem, não param para pensar no que lhes disseram, não buscam compreender melhor os assuntos, são facilmente manipuláveis. Veem uma imagem e uma frase e pronto, a verdade está ali. Assistem um telejornal e acreditam fielmente naquilo. Não percebem, não querem tentar entender. Mas é claro que não é apenas uma questão de querer, há muito mais por detrás, por frente, pelos lados. Mas querer é necessário, mas não basta.
As pessoas não se respeitam, no trânsito, na casa, nas redes sociais, na política. Caralho, em todos os lugares. Não há preocupação com os demais, há apenas uma preocupação consigo.
Isso permeio, talvez não seja possível voltar, ou se for, é bem difícil.
O que se salva?
Hoje, creio que nada. Pessimista, realista, seja lá como defina essa resposta, mas é o que nesse momento percebo. Se isso for como um jogo de videogame, dá para reiniciar e tentar novamente. Mas se não for, teremos que tentar a partir do que temos. Mas como fazer isso?
Creio ser necessário reinventar, tentar o novo, o diferente, o que nunca se tentou. Porque o que foi feito e o que já se tentou, não deu certo.

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