Hoje
resolvi escrever, por não conseguir conter mais em mim o que tenho
presenciado, vivido.
O
que chama a atenção de todos, querendo ou não, é o cenário
político. Mas os fatos que ocorrem nesse âmbito, se estendem a
todas as nossas relações, sejam elas política ou não.
Discussões
não racionais, motivadas pelos seus sentimentos, seus desejos
partidários, sua ignorância política, sua fácil manipulação
concentram os textos, as imagens com que nos deparamos. Caso você,
tente, racionalmente compreender o que está ocorrendo, logo é
atacado por um dos lados, identificando-o como pertencente ao outro.
Não é uma questão de ficar sobre o muro, mas é possível,
racionalmente, analisar que ambos os lados possuem problemas sérios,
que se forem tomados apenas na perspectiva da corrupção, não se
salvam.
A
manobra que cada um utiliza para se segurar ou para continuar
“batendo”, ambas são manipuladoras, desrespeitosas.
Mas
há mais que isso. Há muitos apaixonados cegos, que só veem o seu
interesse. Não conseguem perceber mais que um fragmento. Não que eu
seja aquele que possui a “visão além do alcance”, mas é
possível com paciência, tranquilidade, raciocínio e tempo,
perceber que há furos em várias ações.
Costumo
afirmar que a corrupção é um problema ético, que está ligado ao
hábito que adquirimos em algum momento da vida de nos beneficiar nas
diversas situações. Aprendemos com os outros, vemos que é bom
quando nos damos bem, mas péssimo quando somos lesados. Nossas
pequenas corrupções nos habituam a realizá-las quando tivermos a
oportunidade de lesar milhares de pessoas. Mas continuamos condenando
aquela corrupção que nos lesa. Exemplos são vários, é só
lembrar daquele conhecido que se manifesta contra a corrupção, mas
no outro dia é julgado e condenado por corrupção.
Nesse
contexto, levantam-se heróis. Acreditam que eles são os bons, os
salvadores. Mas esquecemos que não estão fazendo mais do que o seu
trabalho, juízes deveriam julgar, lutar por justiça. Representantes
deveriam nos representar, buscar o bem de todos. Professores deveriam
contribuir com a educação dos jovens. Mas não me recordo de alguém
me parabenizar por estar fazendo o meu trabalho. Não me lembro de
alguém ir para as ruas com um cartaz escrito: TODOS SOMOS DANIEL.
Não aspiro isso.
Médicos
deveriam fazer o seu serviço, de maneira objetiva. Mas alguns
escolhem julgar na consulta ou no exame, as escolhas de seus
pacientes. São desrespeitosos muitas vezes. A saúde e seus
funcionários permeiam um sistema que humilha os pacientes, que já
não se encontram em boa situação. Isso ocorre na falta de
atendimento, na morosidade, no descaso. E insistem em expor aquelas
placas alertando que ofender pode causar prisão. É bem provável
que isso esteja lá porque sabem do péssimo atendimento que fazem e
já querem se defender do que pode vir.
As
pessoas reproduzem o que ouvem, não param para pensar no que lhes
disseram, não buscam compreender melhor os assuntos, são facilmente
manipuláveis. Veem uma imagem e uma frase e pronto, a verdade está
ali. Assistem um telejornal e acreditam fielmente naquilo. Não
percebem, não querem tentar entender. Mas é claro que não é
apenas uma questão de querer, há muito mais por detrás, por
frente, pelos lados. Mas querer é necessário, mas não basta.
As
pessoas não se respeitam, no trânsito, na casa, nas redes sociais,
na política. Caralho, em todos os lugares. Não há preocupação
com os demais, há apenas uma preocupação consigo.
Isso
permeio, talvez não seja possível voltar, ou se for, é bem
difícil.
O
que se salva?
Hoje,
creio que nada. Pessimista, realista, seja lá como defina essa
resposta, mas é o que nesse momento percebo. Se isso for como um
jogo de videogame, dá para reiniciar e tentar novamente. Mas se não
for, teremos que tentar a partir do que temos. Mas como fazer isso?
Creio
ser necessário reinventar, tentar o novo, o diferente, o que nunca
se tentou. Porque o que foi feito e o que já se tentou, não deu
certo.